O economista moçambicano e consultor independente Thomas Selemane disse hoje, em declarações à Lusa, que a fraca interesse dos investidores na compra de Obrigações do Tesouro moçambicanas se deve ao elevado endividamento público e à incerteza política no país.
As autoridades moçambicanas adiaram duas colocações de Obrigações do Tesouro na Bolsa de Valores de Moçambique (BVM) nos últimos 30 dias, devido à falta de procura.
Em declarações à Lusa, Thomas Selemane considerou “previsíveis” as dificuldades do Governo moçambicano em capitalizar-se no mercado interno, devido à elevada dívida pública e à incerteza política no país.
“O Estado está com uma dívida pública superior a 100 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), está em incumprimento em relação a muitas das suas obrigações e os bancos locais já têm na sua carteira dívida do Estado, é previsível que não queiram mais emprestar dinheiro ao Estado”, declarou Thomas Selemane.
No plano político, o país vive uma incerteza, porque as negociações entre o Governo e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) para a paz ainda não tiveram desfecho e haverá eleições gerais no dia 15 de outubro deste ano, acrescentou.
“Há dúvidas em relação ao compromisso quanto ao desarmamento da Renamo até agosto, como as duas partes pretendem, e não se sabe se o país estará estável ou não após as eleições gerais”, frisou o economista moçambicano, que é também consultor independente.
Selemane assinalou que Moçambique mergulha ciclicamente na instabilidade política e militar, após eleições gerais, e esse histórico é um fator de inibição quanto para os investidores.