Há um português envolvido na primeira vacina contra uma bactéria intestinal associada ao autismo. Mais de 90 por cento das crianças autistas sofrem de problemas gastrointestinais crónicos e a nova vacina, criada por Mário Monteiro, poderá melhorar a qualidade de vida dessas crianças.
Uma nova vacina para travar a propagação de uma bactéria intestinal, a primeira de sempre a ser desenvolvida a pensar nas crianças com autismo, tem a marca de um português: Mário Monteiro.
O professor de Química da Universidade de Guelph, no Canadá, desenvolveu com Brittany Pequegnat, uma estudante de mestrado, uma vacina que ataca a ‘Clostridium bolteae’, uma bactéria produzida no intestino e que aparece em maior concentração nas crianças autistas.
“Esta é a primeira vacina destinada a controlar a obstipação e a diarreia potencialmente causadas pela bactéria C. Bolteae e, quem sabe, sintomas do autismo que estão relacionados com este micróbio”, salientou o investigador português, num comunicado distribuído pela universidade.
A ‘Clostridium bolteae’ está associada a vários distúrbios gastrointestinais, os quais afetam mais de 90 por cento das crianças com autismo.
De momento, a única terapêutica passa pelos antibióticos, pelo que a nova vacina abre um campo completamente novo.
Mário Monteiro, que já em 2013 divulgara os trabalhos sobre a vacina na Vaccine, alertou que ainda são necessários vários ensaios e estudos para apurar todos os efeitos da nova terapêutica, pelo que pode passar uma década antes que a vacina seja comercializada.
Isto porque os resultados, muitos prometedores, foram alcançados em ensaios com coelhos, que produziram mais anticorpos contra a bactéria após a administração da vacina.
“Este é um primeiro passo muito significativo na construção de uma vacina com múltiplas valências destinada a combater várias bactérias intestinais associadas ao autismo”, realçou o investigador, acrescentando que os anticorpos adicionais poderão ser utilizados para detetar a bactéria em contexto médico.