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Vídeo: Transplante de rosto dá segunda vida a Andy Sandness

Um transplante de rosto representa uma nova vida para o norte-americano Andy Sandness, que ficou desfigurado após uma tentativa de suicídio. Uma equipa da Clínica Mayo em Rochester, Minnesota, nos Estados Unidos, devolveu a cara, a identidade e a felicidade. O dador de Andy tem muito em comum: tal como este homem, também tentou o suicídio, com a mesma idade, com o mesmo método. Mais do que um simples transplante, é uma história incrível. Veja a reportagem.

Corria o ano de 2006 quando, em depressão profunda, Andy Sandness tenta o suicídio, disparando um tiro no rosto. Contava então 21 anos.

A depressão não impediu o arrependimento e, logo que chegou ao hospital, o jovem norte-americano suplicou aos médicos para que o salvassem.

Foi submetido a diversas intervenções cirúrgicas, durante quatro meses, até que regressou à sua cidade natal, começando a trabalhar como eletricista. Tinha reavido a vida que quisera perder, mas faltava recuperar a autoestima perdida. Andy, afinal, não tinha rosto.

Depois de receber tratamento em dois hospitais, e garantida a sobrevivência, Andy foi transferido para a Clínica Mayo, onde prosseguiria um importante capítulo dessa recuperação: a reconstrução do rosto.

O cirurgião plástico Samir Mardini, especialista em reconstituição facial, acolheu este paciente que representava um enorme desafio, em virtude das enormes mazelas provocadas pelo disparo.

Andy Sandness ficou sem nariz e mandíbula. A boca estava dilacerada e restavam apenas dois dentes. Também a visão ficara afetada, sobretudo no olho esquerdo.

Corria o ano de 2012. Samir Mardini e a sua equipa definiram o plano de recuperação. Reconstruíram a mandíbula com osso, músculo e a pele retirados do quadril e da perna do paciente. Recorreram a placas de titânio e a parafusos e ligaram todos os ossos do rosto.

A Clínica Mayo iria dar início a um programa de transplante de rosto e Sandness era o doente certo para tão exigente desafio.

Trata-se de uma intervenção arriscada e que tem poucos casos. Cerca de duas dezenas de pacientes foram submetidos a esta operação, em todo o mundo.

Restava um dador compatível. Até que em junho de 2016, Sandness recebe a notícia de que teria esse dador. Tratava-se de um jovem especial.

Afinal de contas, tal como Andy, tentou o suicídio. Tal como Andy, essa tentativa deu-se aos 21 anos. Tal como Andy, escolheu uma arma para o consumir. No entanto, ao contrário de Andy, Calen Ross morrera.

Lily Ross, viúva de Calen, contava apenas 19 anos e estava grávida de oito meses. Uma vez que o marido aceitara ser dador de órgãos, lily não se opôs, ainda que lhe custasse saber que o rosto do marido morto iria renascer noutra pessoa.

Andy Sandness regressa para a mesa de operações. O procedimento clínico implicaria 56 horas de trabalho, sendo que 24 horas seriam para retirar o rosto do dador e as restantes 32 horas para implantá-la no paciente.

Este norte-americano, que hoje tem 31 anos, recuperou a alegria de viver. Pôde matar saudades de velhos hábitos que perdera, por culpa dos ferimentos graves daquele tiro. Comer um bife, por exemplo. Sandness tinha ficado sem boca e sem dentes.

O momento em que Andy Sandness voltou a olhar o espelho ficou registado em vídeo e em imagem. Não era o último capítulo da recuperação, mas o reencontro com uma nova face é sempre marcante.

Quando se observou ao espelho, ainda não conseguia falar. Mas escrevia para comunicar. “Superou as minhas expectativas”, escreveu.

Restavam os agradecimentos, não só à equipa médica, mas também a Calen Ross e à família.

Este foi o primeiro transplante de rosto feito na Clínica Mayo. Foi uma intervenção muito bem sucedida. Veja o vídeo:

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