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Joana Amaral Dias quer acabar com mulheres apalpadas no metro

Joana Amaral Dias, candidata à Câmara Municipal de Lisboa pelo movimento ‘Nós, Cidadãos!’, quer que os transportes públicos da capital tenham lugares reservados para as “mulheres que não quiserem ser apalpadas”. A ideia inspirou humoristas, mas foi alvo de críticas sérias, por parte de mulheres contra a segregação.

“A forma de enviar uma mensagem clara à sociedade, para dizer que não queremos ser apalpadas nos transportes públicos e que queremos ser respeitadas, passa por criar zonas específicas para as mulheres no metro ou nos autocarros”, defendeu Joana Amaral Dias, candidata à Câmara Municipal de Lisboa pelo movimento ‘Nós, Cidadãos!’, durante o debate ‘Mulheres, raparigas e a cidade: o direito ao espaço público em Lisboa’.

João Quadros e Bruno Nogueira inspiraram-se no facto de as barras dos autocarros (que servem para os passageiros que viajam de pé se segurarem) fazerem lembrar os varões dos clubes noturnos. E criticaram, porque a rir se castigam os costumes, a proposta de Joana Amaral Dias.

Mas as redes sociais serviram de plataformas para outro tipo de ‘censura’ à estranha ideia. Houve quem visse na criação desse espaço uma forma de segregação e humilhação das mulheres. Ou de legitimação de um ato desprezível, como apalpar uma mulher.

Joana Amaral Dias quis defender as mulheres de um assédio sexual no espaço público, mas nem as mulheres convenceu. Pelo contrário.

A candidata à Assembleia Municipal Helena Roseta considerou a ideia “inconcebível”.

Margarida Saavedra, candidata do PSD, também critica Amaral Dias: “No momento em que as mulheres deixaram de estar segregadas dentro de casa, não podem estar a ser segregadas no espaço público”.

O debate organizado pela Associação Mulheres sem Fronteiras e a Mulheres na Arquitetura ficou marcado por esta tese de Joana Amaral Dias, que insistiu na ideia e defendeu também que esses lugares reservados só seriam usados “se as mulheres quisessem”.

O certo é que não convence.

“O assédio sexual é ilegal, e a solução para o combater não passa certamente por separar homens e mulheres, mantendo-as fechadas numa carruagem cor-de-rosa longe dos ‘bichos papões’. Não é assim que se promove maior segurança em nenhuma cidade do mundo”, escreveu Paula Cosme Pinto, num artigo de opinião no Expresso.

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