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Crianças selvagens, o documentário chocante de Fullerton-Batten

A história de Mogli foi ficcionada, mas há casos bem reais de meninos que cresceram na selva ou em condições pouco ‘humanas’. Uma fotógrafa explorou vários destes casos reais para criar um documentário fotográfico, ‘Feral Children’.

‘O Livro da Selva’, de Rudyard Kipling, narra a história de Mogli, uma criança acolhida por uma alcateia de lobos e que cresceu entre animais selvagens.

Mas, se esta história foi imaginada pelo autor britânico, há muitos casos reais de crianças selvagens. Como o de uma menina que, em 1845 e em 1852, foi vista a atacar rebanhos de cabras com a ajuda de lobos.

Este foi apenas um dos casos relatados por Julia Fullerton-Batten, uma fotógrafa nascida na Alemanha e que está radicada em Londres.

“Ao explorar o caso da menina sem nome, apercebi-me que havia muitos casos de crianças selvagens. Alguns aconteceram porque as crianças ficaram órfãs ou foram levadas por animais selvagens, mas sobretudo por negligência ou abandono por parte dos pais”, destacou a artista.

A menina sem nome é Marina Chapman, raptada na Colômbia em 1954, quando tinha apenas 4 anos. Abandonada pelos raptores numa selva, viveu com macacos capuchinhos até ser descoberta por caçadores cinco anos depois, que a venderam como escrava sexual. Acabou por ser adotada por uma família que se moveu para Bradford, em Inglaterra, no ano de 1977. Mais tarde, com a filha, publicou ‘A menina sem nome’, um livro sobre crianças selvagens.

Tal como Marina, John Ssebunya (descoberto em 1991) foi acolhido por macacos, no Uganda.

No documentário fotográfico, Julia Fullerton-Batten abordou “casos ocorridos nos cinco continentes”, como o do ‘lobimenina’ mexicana e o de Shamdeo, o menino indiano avistado em 1972 também como membro de uma alcateia. E o do menino leopardo, também da Índia, relatado em 1912.

Na Europa, destaca-se o caso de Oxana Malaya, a menina ucraniana descoberta em 1991 a viver no canil da família. Tinha 6 anos e comportamento de cão. Já ‘trintona’, vive numa clínica em Odessa, onde ajuda a tratar dos animais da quinta pedagógica da instituição que a acolheu.

O menino pássaro da Rússia é outro caso europeu. Aos 7 anos, foi descoberto engaiolado num quarto, juntamente com várias dezenas de pássaros. Foi há poucos anos, em 2008. O menino pássaro foi internado num centro de reabilitação.

E da Rússia é também a história de Madina, revelada há apenas dois anos. Sem pai e filha de mãe alcoólico, fugia para a beira dos cães, com os quais viveu até aos 3 anos. Está a recuperar bem e os médicos acreditam que poderá ter uma vida ‘normal’.

Sujit Kumar será o caso mais estranho. Em 1978, foi descoberto numa capoeira, nas ilhas Fiji. Tinha sido preso pelo avô, depois do suicídio da mãe e do assassinato do pai. Depois de resgatado, passou 20 anos amarrado a uma cama devido ao comportamento violento.

As mais famosas crianças selvagens, porém, serão Kamala e Amala. Em 1920, um padre descobriu duas meninas numa caverna escondida por debaixo de uma árvore, numa floresta da Índia. Amala morreu um ano depois de resgatada, Kamala ainda ‘durou’ mais nove anos.

Ivan Mishukov (descoberto em 1998) também viveu com uma matilha de cães, nas ruas da Rússia, enquanto Marie (1731) e Victor (1797) viveram sozinhos, aos 10 e aos 12 anos, em florestas na França.

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