As facilidades concedidas à Grécia para pagar os empréstimos não foram aplicadas a Portugal, apesar das informações “descontextualizadas” de alguns governantes, adiantou ontem o ministro das Finanças, que vai ser chamado ao Parlamento pelo Bloco de Esquerda.
O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, evocara o “princípio de igualdade de tratamento” para exigir que Portugal tivesse direito às facilidades que o Eurogrupo e o Fundo Monetário Internacional concederam à Grécia, cujos empréstimos ficaram com os juros mais baixos e com prazos mais longos. O presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, admitira que Portugal, tal como a Irlanda, deviam beneficiar das mesmas vantagens, assim como o primeiro-ministro, Passos Coelho.
Após a reunião de ontem dos ministros das Finanças da Zona Euro, nada disto é verdade, como explicou Vítor Gaspar. “Todas as afirmações feitas por responsáveis políticos, pelo primeiro-ministro Pedro passos Coelho e pelo presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, são afirmações que estão inteiramente corretas e que foram, julgo eu, descontextualizadas de forma pouco cuidadosa por alguma informação”, argumentou o ministro.
Houve, segundo Vítor Gaspar, uma “simplificação excessiva de assuntos complexos” que conduziu “inevitavelmente a mal entendidos, que infelizmente tendem a persistir, ao ponto de serem consideradas verdades demonstradas”. Antes da reunião do Eurogrupo, os ministros das Finanças de Alemanha e Holanda já tinham assumido que Portugal “não é a Grécia”, com o problema helénico a ser “um caso único”.
Estas explicações levaram o Bloco de Esquerda a exigir que o governante esclareça o que realmente se passou. O partido vai chamar o ministro ao Parlamento, com caráter de urgência, para este explicar os “assuntos complexos” e esclarecer se foram negociadas as condições de financiamento a Portugal ou se o Eurogrupo recusou aplicar o “princípio de igualdade de tratamento”.
