Ciência

Uma cobra engoliu um jacaré e um biólogo fez o diário da digestão

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Como é que uma cobra devora um jacaré? O biólogo Stephen M. Secor acompanhou uma pitão birmanesa ao longo da digestão, registando todo o processo com radiografias e outras análises. Consegue adivinhar quantos dias durou a refeição?

Vários documentários têm mostrado que as grandes cobras conseguem engolir jacarés, assim como estes conseguem devorar as cobras.

Mas o biólogo Stephen M. Secor quis ir mais além e compreender todo o processo digestivo, uma vez que um jacaré não será, teoricamente, um dos alimentos mais fáceis de decompor.

O investigador norte-americano conseguiu estudar o processo graças a uma pitão birmanesa que tinha acabado a ‘refeição’.

Foram precisos seis dias para que a cobra conseguisse digerir o jacaré, o que permitiu a Secor realizar um autêntico diário de todo o processo.

Ainda no primeiro dia, a radiografia mostra como a cobra expandiu o corpo para ‘alojar’ a presa interior. Aliás, o contorno do jacaré é ainda perfeitamente visível.

Logo então entram em funcionamento as enzimas no intestino delgado, cuja missão é penetrar na escamosa e dura ‘pele’ do jacaré.

“O jacaré é decomposto lentamente graças à ação combinada do ácido clorídrico e da enzima pepsina. É surpreendente a facilidade com que as pitãos conseguem digerir presas desse tamanho”, salientou o biólogo, em declarações à BBC.

Ao longo do segundo dia, a pitão vai aumentando a taxa metabólica, disponibilizando mais enzimas e ácidos para processar o esqueleto do jacaré. Nesta fase, o coração pode mudar o tamanho até 40 por cento, o que permite também alterar o fígado e o pâncreas.

Os tecidos moles são apenas restos ao terceiro dia, permitindo à cobra ‘focar-se’ na digestão dos ossos e das escamas. Por ser um processo mais moroso, a pitão adota uma postura de imobilidade, apesar do perigo de ficar mais vulnerável a eventuais ataques.

No dia 4 já pouco aparece do jacaré nas radiografias.

A tendência prolonga-se no quinto dia, com a pitão a começar a sentir a necessidade de expelir os gases que se foram acumulando durante a digestão.

O processo digestivo fica completo ao sexto dia, concluiu o investigador, satisfazendo as necessidades da cobra por um período que pode variar entre semanas e meses.

Refira-se que Stephen M. Secor já tinha analisado o processo digestivo das cobras, mas nunca com uma presa deste tamanho: as experiências anteriores tinham sido com ratos e pombas.

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