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Suicídio de aluno em Braga: Hipótese de bullying rejeitada “para já” pela GNR

escolabullying 600A GNR informa que, “para já”, não encontrou indícios que comprovem que Nélson Antunes se tenha suicidado por ser vítima de bullying. Os colegas insistem que o adolescente “estava farto” de ser humilhado, como num caso em que “ficou em cuecas” no recreio.

A morte de Nélson Antunes, de 15 anos, ainda está por explicar, uma vez que a GNR garante não ter encontrado “indícios” de que o adolescente se tenha suicidado por ser vítima de bullying na escola, em Braga. “A GNR fez um conjunto de diligências e, para já, descarta a possibilidade de bullying”, assegurou uma fonte citada sem identificação pela TVI24.

Ao Público, o comandante do destacamento da GNR de Braga, Adelino Silva, acrescenta que as duas cartas deixadas pelo adolescente “não referem qualquer situação de bullying” e que o único indício encontrado para o suicídio aponta para “um pico emocional” associado a uma relação amorosa com uma amiga, destinatária de uma dessas cartas: a outra ficou para a família.

O mesmo militar acrescenta que, quando a GNR chegou a Adaúfe, no sábado à noite, encontrou o corpo de Nélson Antunes já sem vida num terreno próximo das casas da família e que “não havia indícios de crime”. Todos os dados recolhidos foram remetidos ao Ministério Público de Braga, que ainda não terá aberto um inquérito ao caso, segundo uma fonte não identificada pelo jornal.

A tese da GNR choca com os relatos dos colegas, que recordam vários episódios de bullying no recreio da escola, alguns dos quais terão ocorrido dias antes do suicídio. Um desses casos foi citado por vários jornais: alguns colegas terão obrigado o adolescente a ficar em tronco nu, no recreio, baixando-lhe depois as calças para lhe darem palmadas no rabo. “Ele ficou em cuecas, apanhou a roupa , vestiu-se e foi para as aulas sem dizer nada”, contou o amigo que terá denunciado o caso a um professor, citado pelo Jornal de Notícias.

“Era um rapaz muito amargurado e, de vez em quando, dizia que estava farto da vida e disto tudo”, denuncia outra amiga, garantindo ao Correio da Manhã que o rapaz já havia ameaçado suicidar-se para terminar com as humilhações.

Há ainda os exemplos dos telemóveis, contado por vários colegas: “ele dizia que os perdia, mas toda a gente sabia que alguém os roubava”. Terão sido vários e o caso mais recente terá ocorrido após o Natal, quando Nélson recebeu um telemóvel como prenda do pai, que está emigrado e tinha vindo passar férias a Portugal.

Estes episódios podem ser interpretados de forma diferente, explicou Jorge Ascenção, da CONFAP – Confederação Nacional das Associações de Pais, à TVI: “muitas vezes, não damos importância, porque consideramos situações ‘normais’ entre crianças. Essas situações acabam por degenerar em situações graves. A gravidade de cada situação depende de cada criança, umas suportam melhor as humilhações que outras”.

Nélson Antunes esteve sinalizado pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Braga (CPCJ), mas por razões que “nada teriam a ver com a vida escolar ou com bullying”, de acordo com a presidente, Nélia Pereira. O processo foi encerrado em setembro de 2012 e o adolescente, para além de estar medicado, deveria ter acompanhamento psicológico na escola: porém, a CPCJ admite que, dada a redução do número de psicólogos nas escolas, este acompanhamento não seria muito frequente. 

O que é o bullying?

Bullying é a prática de atos de violência, quer física, quer psicológica, de forma intencional e reiterada, praticados por um indivíduo ou grupo de indivíduos. Estes atos provocam dor e angústia nas vítimas, que estão inseridas num grupo onde existem diferenças de poder. A expressão tem origem no Inglês “bully”, que significa um rapaz agressivo, ou um pequeno tirano.

Recentemente, outro adolescente, de 12 anos, cometeu suicídio no rio Tua, precisamente por sofrer bullying na escola.

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