Economia

Standard Bank estima recessão de 0,9 por cento em Angola este ano

O departamento de pesquisa económica do banco Standard reviu em baixa a previsão de crescimento para Angola, antecipando agora uma recessão de 0,9 por cento este ano, que compara com a previsão anterior de expansão económica de 1,2 por cento.

“O baixo desempenho do setor do petróleo continua a ser um problema para a economia, com a produção petrolífera em baixa, investimento abaixo do potencial e condições de operação desafiantes, apesar dos preços do petróleo estarem mais favoráveis desde o princípio do ano”, escrevem os analistas.

No mais recente relatório sobre as economias da África subsaariana, enviado aos investidores e a que a Lusa teve acesso, os analistas deste banco, um dos maiores a operar no continente africano, escrevem que, “por isso, a previsão de crescimento da economia foi revista em baixa para este ano, de um crescimento de 1,2 por cento para uma contração de 0,9 por cento”.

Para 2019, os analistas esperam um crescimento de 2,4 por cento, divergindo das mais recentes previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI), que esta semana estimou uma ligeira recessão de 0,1 por cento este ano e um crescimento de 3,1 por cento em 2019.

“Do ponto de vista da procura, vemos a despesa privada e as exportações a contribuírem para levantar a economia angolana da recessão no próximo ano, num contexto em que a inflação continua a cair e a liquidez de moeda estrangeira melhora, apoiada pelos preços mais altos do petróleo e pelas reformas que podem encorajar o investimento do setor privado”, argumentam os analistas.

A negociação de um acordo com o FMI, que o ministro das Finanças disse à Lusa durante os Encontros Anuais do FMI e Banco Mundial que deverá estar concluída até final do ano, “é encarada como um desenvolvimento importante para ajudar a acelerar as reformas estruturais e melhorar o sentimento dos investidores”.

Para o Standard Bank, houve duas grandes reformas este ano com o potencial de estimular o investimento: a aprovação da nova lei de investimento privado e a criação da Agência Nacional do Petróleo e Gás.

No que diz respeito à evolução da produção de petróleo, a principal fonte de receita para Angola, os analistas estimam que Angola vá bombear 1,54 milhões de barris por dia, o que representa uma redução de 5,5 por cento face aos níveis de 2017, ano em que Angola produziu 1,63 milhões de barris diários.

“As estimativas preliminares mostram que a melhoria dos preços contribuiu para um aumento de 21 por cento nas receitas de exportação no ano passado, para 31 mil milhões de dólares, e estimamos que este número suba 30 por cento este ano, para 40 mil milhões de dólares, o que representa 96 por cento do total das exportações”, vincam os analistas do Standard Bank.

O Governo deverá apostar numa melhoria do défice orçamental deste ano, de 5,3 por cento em 2017 para 3 por cento este ano, “o que é consistente com a necessidade de restabelecer a estabilidade macroeconómica”.

O Standard Bank antecipa um empenho do Governo no aumento da cobrança de impostos, “alargando a base e introduzindo novos impostos, como é o caso da implementação faseada do IVA a partir de 2019”.

Em 2018, concluem, o foco do Governo esteve na contenção do crescimento da despesa e na redução do custo da dívida, “trocando o perfil de pagamento da dívida doméstico, apostando em renegociar para ter maturidades mais longas”, dizem, lembrando que no Orçamento estipulava que o serviço da dívida levaria 116,3 por cento das receita fiscal e 21,9 por cento do PIB, “o que é elevado”.

O acordo de financiamento de 4,5 mil milhões de dólares por parte do FMI “deve ajudar a implementar as necessárias reformas, já que mais consolidação orçamental é imperativa para a estabilidade macroeconómica”, concluem os economistas do Standard Bank.

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