Ex-primeiro-ministro José Sócrates acusa Cavaco Silva, Presidente da República, de ter participado numa “conspiração organizada e inventada” com o objetivo de “derrubar o Governo”. Na entrevista à RTP, Sócrates afirmou ainda que Cavaco “nunca teve interesse em evitar uma crise política”, “fez tudo para a provocar”, é o seu “patrono”. O que “explica o comportamento atual do Presidente da República”.
A entrevista de José Sócrates que assinala um ponto final do longo silêncio do ex-primeiro-ministro ficou marcada pela acusação a Cavaco Silva. Sócrates disse que o chefe de Estado promoveu e participou numa “conspiração organizada” que tinha como objetivo “derrubar o Governo” em funções.
Na entrevista à RTP, Sócrates foi confrontado com uma afirmação de Cavaco – já depois do ex-primeiro-ministro abandonar a política. Disse o chefe de Estado que Sócrates foi protagonista de uma “falta de lealdade institucional que ficará registada na história da nossa Democracia”.
A resposta de José Sócrates surge sem rodeios: “Acho extraordinário esse comportamento do Presidente da República, já depois de eu estar fora da vida política, o que diz muito da atitude do Presidente da República. Mas não reconheço no Presidente da República nenhuma autoridade moral para dar lições de lealdade institucional”.
Sócrates acusou Cavaco de ser um conspirador, ao lado do seu assessor, com a difusão de notícias que davam conta de escutas do Governo à casa civil. Essa notícia foi falsa, o que mais tarde se soube.
“Em 2009, nasceu na casa civil do senhor Presidente da República e pela primeira vez na história democrática do nosso país, uma conspiração organizada e inventada, contra o Governo, para deitar abaixo um Governo em funções, baseada na ideia de que o Governo estaria a espiar a casa civil. Isso foi uma invenção. Cavaco Silva chamou os responsáveis da comunicação, pretendendo dar uma confirmação da notícia de que se sentia ameaçado nas suas comunicações”, recorda Sócrates, nesta entrevista transmitida ontem na RTP.
