Secar roupas em radiadores dentro de casa é um hábito, em muitos lares, sobretudo nos meses de chuva. O britânico Craig Mather conta-lhe a sua história, resumida numa frase. “Quase morri ao secar roupas em radiadores”, diz.

Craig Mather, de 43 anos, nasceu com asma e tinha no seu historial clínico um surto de tuberculose, o que o deixou com problemas nos pulmões e no sistema imunológico, enfraquecido.

Não obstante adotar hábitos saudáveis e ter todos os cuidados com a doença que o afeta, Craig começou a tossir sangue. Um diagnóstico médico detetou uma aspergilose pulmonar crónica.

Este britânico tentou perceber a origem da doença e especialistas descobriram-na: um mau hábito de secar as roupas dentro de casa, em radiadores quentes.

Ao fazê-lo, elevam-se os níveis de humidade até cerca de 30 por cento, criando as condições ideais para o desenvolvimento de problemas pulmonares, potencialmente fatais.

“Desde criança que tenho asma, mas vivi bem com a doença, até que ela voltou quando eu passei a partilhar a residência. Em 1997, contrai tuberculose e os meus pulmões foram danificados e é por isso que tenho aspergilose. Pulmões normais teriam sido capazes de lidar com o problema, mas o meu não era normal”, conta.

Craig Mather não ficou hospitalizado e recebeu indicações para ficar em casa e descansar, medicado.

A aspergilose pulmonar crónica afetou o sistema imunológico e Craig precisou de anos para recuperar. O que aconteceu, até que começou a tossir sangue.

Procurou um médico, que lhe perguntou se tinha o hábito de secar roupa dentro de casa. A resposta foi positiva.

“Eu costumava secar roupa dentro de casa, sobretudo nos meses mais frios. Nunca imaginei que algo tão normal poderia causar problemas tão graves. Passei a secar a roupa fora de casa e a melhoria na minha saúde foi incrível”, revela.

O seu médico, professor de doenças infecciosas da Universidade de Manchester, deu-lhe uma estatística assombrosa.

“Estima-se que 87 por cento das pessoas sequem roupa dentro de casa. Uma lavagem normal, numa máquina, liberta mais de dois litros de água, que se transforma em humidade”.

A humidade provoca o desenvolvimento de fungos que levam à aspergilose pulmonar crónica, que causa infeções pulmonares.

O problema agrava-se para quem já sofre de asma, por exemplo, mas também para pessoas que tenham sistemas imunitários fracos, como os doentes oncológicos submetidos a quimioterapia, ou pessoas com sida.

O que é aspergilose pulmonar crónica?

A aspergilose pulmonar invasiva emergiu como uma doença infeciosa de alta morbidade e mortalidade em imunodeprimidos. Constitui uma forma de hipersensibilidade pulmonar associada à destruição das vias aéreas

O fungo – geralmente o ‘Aspergillus fumigatus’ – desenvolve-se no interior de uma cavidade do pulmão, anteriormente danificada por outra doença pulmonar, como tuberculose, e liberta substâncias tóxicas e alérgicas.

A pessoa afetada pode não ter sintomas (especialmente no início). Os sintomas mais comuns são – além da tosse de sangue – perda de peso, tosse crónica, mal-estar e cansaço.

Quando quiser secar roupa, lembre-se desta história e escolha uma alternativa que não aumente a humidade no interior da sua casa.