A Rússia pode vir a ter mais um estado federado: a Crimeia. O Parlamento desta república da Ucrânia aprovou, por larga maioria, a antecipação de um referendo para 16 de março. Os residentes da península vão optar entre uma maior autonomia e a adesão à Federação Russa.

A Ucrânia está a perder a Crimeia para a Rússia a nível militar e corre o risco de vir a perder também no campo político, depois do Parlamento da Crimeia ter aprovado um pedido de adesão à Federação Russa.

“Esta é a resposta à desordem e ilegalidade em Kiev. Iremos decidir nós mesmos o nosso futuro”, explicou o deputado Sergei Shuvainikov.

A Crimeia, que é uma república autónoma que pertence à Ucrânia mas onde a maioria da população é de etnia russa, vai decidir esse “futuro” num referendo a 16 de março, originalmente marcado para o dia 30.

Nesse referendo, os eleitores da península da Crimeia vão optar entre um reforço da autonomia e a cedência da soberania à Rússia, dando seguimento ao pedido formal de adesão à Federação Russa.

Esse pedido foi hoje aprovado na Assembleia da Crimeia por larga maioria: 78 votos a favor e oito abstenções, adianta a agência de notícias RIA.

A aprovação surge depois da Rússia ter anunciado duas medidas preparatórias, simplificando o processo de adesão por parte dos estados e a obtenção da cidadania.

Citado pela agência russa Itar-Tass, o deputado Sergei Mironov revelou, hoje, que está prestes a ser apresentada uma proposta de lei que simplifica a adesão de “partes de estados estrangeiros” à Federação Russa.

Quase ao mesmo tempo, Dmitri Medvedev, o primeiro-ministro russo, adiantava que o Governo pondera avançar com uma simplificação dos pedidos de cidadania russa para cidadãos que tenham o russo como língua materna e que sejam oriundos de quaisquer antigas regiões soviéticas.

O Presidente, Vladimir Putin, também já fez saber que está a par da decisão de hoje do Parlamento da Crimeia, tendo reunido de emergência com o Conselho de Segurança da Rússia.

Da parte da Ucrânia, que detém a soberania sobre a Crimeia, o Governo provisório já considerou o referendo de 16 de março ilegal.