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Revisão em baixa do crescimento de Angola mostra “fraquezas da economia”

A consultora Economist Intelligence Unit (EIU) considera que a revisão da previsão de crescimento de Angola, para 0,4 por cento este ano, mostra “as contínuas fraquezas na economia” e alerta para o tempo que as reformas demoram a surtir efeito.

“O relatório sobre a Estratégia de Endividamento de Médio Prazo (2019-2021) demonstra as contínuas fraquezas na economia”, escrevem os peritos da unidade de análise da revista britânica The Economist, num comentário às novas metas, enviado aos investidores e a que a Lusa teve acesso.

O Governo “lançou reformas abrangentes para tornar Angola mais atrativa para os investidores privados internacionais, mas esses esforços demoram tempo até se transformarem num aumento dos fluxos de investimento”, alertam os analistas.

Para além de alertar para o elevado nível de dívida pública, a EIU lembra que, em fevereiro, o Governo “indicou que estava a planear alterações ao orçamento, que tem um preço de referência do barril de petróleo nos 68 dólares”, enquanto os analistas da Economist estimam um valor de 66 dólares por barril este ano.

No princípio de abril o Ministério das Finanças de Angola estimou que a atividade económica ia crescer cerca de 3 por cento nos próximos dois anos e confirmou a recessão de 2016 a 2018 devido à descida da produção de petróleo e menos atividade não petrolífera.

“Até 2018, o ciclo real de negócios da economia apresentou um comportamento recessivo, tendo registado para os anos de 2016, 2017 e 2018, taxas de crescimento negativas na ordem de 2,6 por cento, 0,1 por cento e 1,1 por cento, respetivamente”, lê-se no relatório sobre a Estratégia de Endividamento de Médio Prazo (2019-2021), aprovado no fim de março em Conselho de Ministros e colocado no princípio de abril no site do Ministério das Finanças.

“Tal comportamento deveu-se aos baixos níveis de produção de petróleo e pela menor atividade económica do setor não petrolífero (efeito ‘spillover’)”, acrescenta o texto, que dá conta de uma previsão de crescimento económico de 0,4 por cento este ano e de 3,2 por cento para 2020 e 2021.

A previsão de uma recessão de 1,1 por cento no ano passado é uma melhoria face ao valor que tinha sido apresentado em fevereiro pelo ministro da Economia e Planeamento angolano, Pedro Luís da Fonseca, que tinha alertado que o país deve ter tido uma recessão de 1,7 por cento no ano passado.

Relativamente ao crescimento económico, as previsões estão abaixo das estimativas do FMI, que antecipava já para este ano uma expansão da economia angolana na ordem dos 2,5 por cento.

“Para o cenário de base, prevê-se o crescimento da economia a médio-prazo em cerca de 3 por cento, dentre os quais, o setor petrolífero poderá apresentar uma taxa de crescimento de cerca de 1,7 por cento, suportada pelo projetado aumento da produção petrolífera e o setor não petrolífero em cerca de 3,5 por cento, justificando-se principalmente pela melhoria do ambiente de negócios que fomentará o investimento do setor privado na economia”, argumenta-se no relatório.

A inflação, que tem vindo a descer nos últimos trimestres, “poderá, até 2021, atingir os níveis de 7,9 por cento, e a conta corrente manter-se-á deficitária, resultante principalmente do aumento das importações na balança comercial e do crescimento do pagamento de juros externos”, antecipa o Governo.

O documento hoje colocado no site do Ministério das Finanças de Angola explica que, no que diz respeito à gestão da dívida, “o executivo optou por uma estratégia de três anos que coincidirá com o programa de Apoio para a Consolidação Fiscal, EFF- Extended Fund Facility acordado com o FMI”.

Este programa “tem como objetivos reduzir as vulnerabilidades fiscais, fortalecer a sustentabilidade da dívida, reduzir a inflação, implementar um regime cambial flexível, assegurar a estabilidade do setor financeiro e fortalecer o quadro de combate ao branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo (CBC/FT)”.

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