Reabilitação Respiratória: apesar dos benefícios clínicos evidentes, doentes continuam sem beneficiar deste tratamento em Portugal
Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) diz que este é um “tratamento muito potente” para os doentes respiratórios crónicos
A reabilitação respiratória (RR) consiste numa intervenção multidisciplinar, supervisionada por um médico, e que trata pessoas com doenças respiratórias crónicas, ajudando-as a respirar mais eficientemente, a melhorar a sua capacidade de exercício e a qualidade de vida.
É um tratamento que promove uma maior estabilidade da doença, com menos agudizações e, por conseguinte, permite uma redução de custos relacionados com a saúde, podendo ainda contribuir para a redução da mortalidade.
Número inferior a 0,5 por cento dos doentes com DPOC beneficiam deste tratamento
A RR é considerada como a intervenção com melhor relação custo-efetividade na DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica) – sendo este o principal motivo de referenciação aos programas de reabilitação respiratória.
Apesar de tudo isto, segundo estimativas da SPP, um número inferior a 0,5% dos doentes com DPOC beneficiam deste tratamento.
“Este número é ainda mais dramático se tivermos em consideração que doentes com outras condições clínicas (bronquiectasias, cancro de pulmão, fibrose pulmonar, sequelas por COVID-19 e período peri-operatório de cirurgias torácicas e abdominais) podem igualmente beneficiar deste tipo de programas”, referem Susana Clemente e Inês Faria.
Neste sentido, a SPP destaca a importância da aposta em medidas que permitam um maior acesso a este tratamento por parte dos doentes que dele podem beneficiar.
As especialistas referem existir “várias medidas que podem contribuir para melhorar este acesso, nomeadamente aumentar a oferta de programas (não apenas ao nível hospitalar, como também na comunidade); sensibilizar as entidades financiadoras a investir em mais recursos materiais e humanos; informar os doentes sobre os seus benefícios, alertando-os para a sua existência; formar os profissionais de saúde e investir em equipas multidisciplinares dedicadas”.