Opinião

Quando o divórcio implica a separação entre avós e netos

Efeitos do divórcio na relação avós e netos. A psicóloga Catarina Lucas alerta que, durante um processo de separação, o corte emocional e físico entre os avós e os netos deve ser evitado.

Os conflitos parentais decorrentes de processos de divórcio não implicam apenas pais e filhos e atingem também outros familiares. No âmbito do Dia dos Avós, celebrado a 26 de julho, a psicóloga Catarina Lucas aborda o tema “Quando o divórcio envolve uma separação entre os avós e netos”.

Cada vez mais há divórcios e os estudos comprovam-no. Durante o processo de separação conjugal, é decidido o tipo de guarda dos filhos, quem fica com quem em datas específicas ou feriados e quem paga o quê. Mas do ponto de vista dos mais novos, a grande diferença será sempre a separação física, tanto do pai, como da mãe.

Com o fim de um casamento, a família passa por um processo de luto, com a perda da rotina e dos papéis construídos dentro do seio familiar, o que implica a separação dos restantes membros da família. “Fala-se muito nas figuras parentais, mas as relações entre avós e netos tendem a ser esquecidas e, grande parte das vezes, envolvem bastante sofrimento”, conta a psicóloga.

Catarina Lucas reforça que os avós serão sempre recordados “como uma espécie de segundos pais, caracterizados por se dedicarem aos netos, numa relação que envolve muito mais carinho e mimos do que propriamente disciplina e educação”. Com o passar dos anos e com a mudança da mentalidade das gerações, os avós foram tendo um papel ativo e presente no cuidado dos netos, desenvolvendo uma relação bastante próxima. “Muitos deles reformados ou com horários mais flexíveis, dedicam grande parte do seu tempo aos mais novos”, diz.

São os avós que vão buscar os netos à escola, que tomam conta deles quando os pais estão fora ou em trabalho, que os levam a passear e a comer todos os doces e mais alguns.

Assim, a relação entre avós e netos vai assumindo uma grande importância para o resto da vida e “é fundamental protegê-la durante e após um processo de divórcio, de modo que os mais novos não fiquem privados de ver os avós e de alimentar esta relação de parentesco afetiva”, muito caracterizada pela transmissão de valores sociais e pela partilha de aprendizagens – onde os mais novos admiram a experiência de vida dos mais velhos e estes adquirem novas competências com o mundo atual, como da internet e novas tecnologias.

“É importante que sejam encontradas estratégias para restabelecer e alimentar os convívios entre gerações, após um divórcio”, afirma a psicóloga.

Catarina Lucas alerta que, apesar do rompimento familiar, as mágoas e os problemas mal resolvidos têm de ser deixados de lado. “A relação entre os avós e os netos é bastante próxima e deverá manter-se assim mesmo após uma separação conjugal, de modo a manter a proximidade emocional com os considerados segundos pais”.

Os avós dos dias de hoje são diferentes. Muitos ainda são ativos profissionalmente, ocupam os seus tempos livres de formas diferentes e fazem questão de estar presentes na vida dos netos, “pelo que evitar o corte emocional e físico entre estas gerações será sempre o ideal”.

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