Prevenção em saúde “dá menos votos que resolver catástrofes”, diz Sobrinho Simões
Investigador e patologista reconhecido mundialmente, Sobrinho Simões justifica a falta de investimento na prevenção de saúde pública com o facto de “não dar grande vantagem aos políticos”.
“Temos de melhorar muito a saúde pública e temos, portanto, de ter profissionais de saúde pública que não sejam apenas médicos. Temos que ter nutricionistas, temos que ter psicólogos, temos que ter enfermagem de saúde pública que ajude essa mensagem a passar”, começou por dizer, em declarações na Antena 1, aquele que, em jeito de brincadeira, costuma ser apelidado de ‘Mourinho da investigação em saúde portuguesa’.
O médico e investigador disse ainda que “é evidente a necessidade de contratar mais profissionais” mas “falta vontade política” e explicou a sua ideia.
“Os políticos não têm grande vantagem em prevenir”, salientou, explicando as razões.
“Porque não se nota”, realçou Sobrinho Simões, nesta quinta-feira, dia em que se assinala o ‘Dia mundial do cancro do pâncreas’.
“Não dá votos? Sim… dá menos que resolver uma catástrofe. Mas em todo o mundo. É por isso que toda a gente diz, e é verdade, que em todo o mundo a percentagem de dinheiro que é dada para a prevenção – nos países nórdicos é mais – nunca passa dos 10, 15 por cento.”
“Deveria ser [muito mais] no sentido de que se você tiver muita saúde poupa muito dinheiro a outros níveis”, destacou Sobrinho Simões.
Além de médico e investigador, Sobrinho Simões é também diretor do IPATIMUP (Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto).