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Presidente do Irão lamenta inação da Europa para salvar acordo nuclear

“Ao longo do ano passado, apesar da postura política relativamente apropriada, não vimos nenhuma ação séria por parte da Europa ou uma medida prática”, denunciou Rouhani após uma reunião em Teerão com o chefe da diplomacia alemã, Heiko Maas.

Por isso, o chefe de Estado sublinhou que o Irão teve de tomar uma decisão pensando nos seus interesses, numa alusão ao anúncio do mês passado de que o país deixará de cumprir alguns dos seus compromissos no pacto nuclear, nomeadamente a venda dos excedentes de água pesada e urânio.

“Os Estados Unidos, com as suas sanções cruéis, caminham em direção ao terrorismo económico e acreditamos que devemos resistir àqueles que impedem os medicamentos e os alimentos de chegarem ao nosso povo”, assegurou, segundo um comunicado da Presidência iraniana.

Os Estados Unidos retiraram-se unilateralmente do acordo nuclear e voltaram a impor sanções ao Irão no ano passado, apesar dos restantes países – Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha – continuarem a apoiar o acordo.

Perante a ineficiência das medidas adotadas pelos europeus para contrariar as sanções norte-americanas, o Irão fez no dia 08 de maio um ultimato de 60 dias para que sejam garantidos os seus interesses económicos, caso contrário, irá suspender a aplicação de outras das suas obrigações nucleares.

“Esperamos que a Europa resista à guerra económica dos Estados Unidos contra o Irão e que cumpra com as suas obrigações no JCPOA” (sigla em inglês do acordo nuclear), asseverou.

Hassan Rouhani considerou que o JCPOA foi “um passo importante para o desenvolvimento da estabilidade e da segurança na região”, mas assinalou que não pode manter-se nessa via “quando os Estados Unidos se retiraram do acordo e os outros negociadores não cumprem as suas obrigações”.

Não obstante, afirmou que “ainda existe uma oportunidade para salvar este acordo e que a União Europeia pode ter um papel positivo” nesse processo.

Maas, que tinha coordenado com a França, o Reino Unido e os Estados Unidos, viajou para o Irão com o objetivo de convencer as autoridades iranianas dos esforços da Europa para Salvar o acordo e para aliviar as tensões entre Teerão e Washington.

Estas tensões registaram uma escalada em finais de abril, quando Washington acabou com as isenções concedidas pelos oito países à compra de petróleo iraniano e classificou como grupo terrorista a Guarda Revolucionária do Irão.

Pouco depois, os Estados Unidos decidiram aumentar o destacamento de militares no Médio Oriente, criando uma situação que Maas qualificou como explosiva.

O ministro alemão sublinhou, ainda, que a UE está a desenvolver todos os esforços para “compensar a retirada dos Estados Unidos” do pacto nuclear, reconhecendo que “não pode haver milagres”.

O pacto nuclear pretendia limitar o programa atómico do Irão em troca do levantamento de sanções internacionais.

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