Economia

Portugueses “enganados pelo Governo” no resgate do BES, defende De Grauwe

paul  de grauweReputado economista Paul De Grauwe diz que no resgate do Banco Espírito Santo (BES) o Governo está a “enganar o povo” e a “contrair dívida”, colocando “os contribuintes em risco”, o que sucede sempre que um país contrai dívida. De Grauwe, especialista em economia monetária, lembra que todos os custos da dívida recairão no Estado.

Antigo conselheiro de Durão Barroso, Paul De Grauwe defende ao Dinheiro Vivo que “o Governo está a enganar os portugueses”, ao garantir que esta operação de recapitalização do BES não acarreta custos para os contribuintes.

O economista, professor na Universidade de Leuven, na Bélgica, argumenta que esta operação – de injeção de capital na ordem dos 4,9 mil milhões de euros, sob a forma de empréstimo – vai levar a que o Estado contraia dívida.

“Sei que o Governo está a recapitalizar a parte boa do BES num montante de 4,9 mil milhões de euros. Isto significa que o Governo está a contrair uma dívida. Ao fazer isto, o Governo põe os contribuintes em risco, como acontece sempre que emite mais dívida”, diz De Grauwe.

Nesse sentido, sustenta o especialista em economia monetária, o Governo não está a falar verdade, quando garante que os contribuintes não serão afetados com o resgate ao BES.

Recorde-se que o Estado vai emprestar aquele valor ao Fundo de Resolução, que não dispõe de capital suficiente para garantir a sustentabilidade do banco.

E uma vez que os milhões disponíveis não eram suficientes, o Governo aprovou um empréstimo, anunciado pelo governador do Banco de Portugal, Carlos Costa.

Entretanto, em entrevista à SIC, a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, adiantou que este empréstimo àquele Fundo terá uma taxa de juro de 2,9 por cento.

A governante garantiu também que os contribuintes não terão qualquer fatura a pagar nesta operação-relâmpago, que tem como objetivo evitar a falência do BES.

O Governo também garante que a operação que dá origem ao Novo Banco não acarreta riscos para os contribuintes, uma vez que, caso a operação não corra bem, será o Fundo de Resolução (dos bancos privados) a pagar a fatura.

Paul De Grauwe discorda. “No resgate do BES, o Governo está a enganar os portugueses”, salienta.

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