O Ministério do Ambiente comprometeu-se ontem a reduzir entre 50 a 60 por cento as emissões de gases com efeito estufa até 2050. Os setores com mais potencial de redução são os transportes, os edifícios e a eletricidade. O objetivo é limitar aos 2ºC o aumento da temperatura global até ao final do século.

Segundo o ‘Roteiro Nacional de Baixo Carbono’, divulgado ontem em Lisboa e que demorou cerca de um ano e meio a ser concluído, é possível reduzir até 85 por cento as emissões de carbono provocadas pelos transportes, comparativamente aos valores existentes em 1990.

Nos restantes setores, as metas preveem reduções entre 71 e 82 por cento na produção de eletricidade – através da aposta nas energias renováveis -, reduções de 33 a 35 pontos percetuais na indústria e 39 a 53 no setor dos resíduos.

De acordo com Francisco Ferreira, presidente da Quercus (Associação Nacional de Conservação da Natureza), são os setores dos transportes e da eletricidade os que “representam metade das nossas emissões de carbono”. A aposta nas energias renováveis, nos veículos elétricos, bem como o desenvolvimento dos biocombustíveis é, segundo Francisco Ferreira, o caminho mais adequado para a descarbonização da economia.

Do ponto de vista económico esta aposta traz impactos pouco significativos. É esta a opinião de Nuno Lacasta, presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, que cita as conclusões do estudo para referir que “no setor energético, os custos adicionais do baixo carbono, por ano, e em média a 40 anos, são de 70 a 380 milhões de euros, com uma meta de redução de 60 por cento de emissões”. Para além disso, estes investimentos são considerados essenciais, “sem os quais poderá haver perda de competitividade”.

O roteiro ontem divulgado entrará agora na fase de discussão pública e, segundo Assunção Cristas, Ministra do Ambiente, os esforços resultantes dessa discussão serão complementados com outras medidas, atualmente já implementadas no terreno.