A equipa liderada por este investigador da Universidade Vanderbilt (EUA) concluiu que, tal como a visão humana é ‘cruzada’ para permitir a profundidade de campo, as toupeiras conseguem utilizar as narinas em ‘stereo’, descobrindo a presa em poucos segundos. “Há muito tempo que as pessoas questionam se o olfato também tem essa componente de ‘stereo’”, adiantou Catania.
O estudo, já resumido na publicação Nature Communications, consistiu no estudo das toupeiras dentro uma câmara especial, na qual os alimentos estavam escondidos em poços dispostos num semicírculo. A análise baseou-se na medição da pressão de ar, pois, como a câmara estava selada, indicava o rumo da inalação.
Cheiros ‘cruzados’
Com a capacidade de cheirar em ‘stereo’, as toupeiras descobriam o poço com comida em menos de cinco segundos. Só que quando uma das narinas foi bloqueada (com tubo de plástico), o animal desviava-se na direção da narina ‘funcional’: se a direita estava tapada, ia mais para a esquerda do poço com comida, demorando mais a encontrá-lo.
A conclusão foi reforçada com a inversão das narinas: ao invés de bloquear, os tubos passaram a dirigir-se no sentido inverso. Assim, a narina esquerda ‘apontava’ para a direita e vice-versa. Ao dirigirem-se para o lado oposto ao da comida, as toupeiras confirmaram o uso do cheiro em ‘stereo’, ressalvou Kenneth Catania.
“Ainda não sabemos quantos animais conseguem fazer isto e é uma informação que nos pode dizer o quão primitiva é esta técnica. Se apenas alguns animais possuírem este mecanismo pode ser uma evolução recente”, comentou o biólogo.
Algumas investigações recentes têm sugerido que outros animais, como ratos, tubarões e formigas, utilizem a mesma técnica do cheiro em ‘stereo’. Mas há mais espécies com duas narinas, como os seres humanos: pode o Homem fazer o mesmo? “Improvável”, respondeu Catania.
