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Ordem alerta para perigo de falência em urgência de Coimbra por falta de médicos

Vinte médicos especialistas em medicina interna enviaram declaração de responsabilidade à Ordem dos Médicos face à escassez das equipas nas urgências dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), anunciou hoje aquela associação profissional.

A Secção Regional do Centro (SRC) da Ordem dos Médicos (OM) alerta para a situação “incomportável” e “de extrema gravidade” no serviço de urgência dos HUC, que é “um dos maiores do país” e um dos polos do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).

A situação, afirma a SRC da Ordem, deve-se “às dificuldades em cumprir a escala de medicina interna”.

Para este serviço de urgência, as recomendações técnicas da OM “estipulam uma escala diária com um mínimo de cinco especialistas em medicina interna”, mas, “atualmente, e ao arrepio dessa recomendação, apenas estão três médicos internistas”, sublinha.

“Para piorar a situação, a partir do dia 14 deste mês [de dezembro], numa das épocas mais críticas de afluência ao serviço de urgência, a equipa ficará reduzida para dois médicos internistas”, adianta a mesma nota.

A Ordem está a receber, desde o início da semana, declarações de responsabilidade dos médicos da urgência devido a esta “inédita carência de recursos humanos e que terá um impacto negativo direto na assistência aos doentes”, acrescenta a SRC da Ordem.

“O excesso de trabalho, neste mês em que a afluência ultrapassa em muito a média diária anual, poderá conduzir à exaustão das equipas e à falência assistencial”, destaca o presidente da SRC da OM, Carlos Cortes, que “lamenta que a política de contratação de recursos humanos médicos para os HUC seja um absoluto desastre”.

A política de contratação de médicos nos HUC é “agravada pela péssima planificação de recursos humanos levada a cabo pelo Ministério da Saúde”, salienta ainda, citado na nota da SRC da OM, Carlos Cortes.

Não está em causa “só a capacidade de atendimento”, mas também “o evidente risco clínico que poderá advir sobre os doentes”, adverte.

O grupo de vinte médicos chama à atenção para o facto de as equipas escaladas para a urgência não cumprirem “os mínimos recomendados pelo Colégio de Especialidade de Medicina Interna” e “explica em detalhe as condições em prestam cuidados de saúde”.

Isto é, explicitam os clínicos, “para os 465 doentes/dia, atendidos em média na urgência polivalente dos HUC, a equipa deveria ser composta, “no mínimo e em simultâneo, por cinco especialistas de medicina interna e dez outros médicos com autonomia clínica, no período de maior afluência”.

Contactado pela agência Lusa, o CHUC informou que na quinta-feira deverá reagir a esta denúncia da Ordem.

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