Relatório elaborado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) traça um cenário mais pessimista para a Zona Euro e para Portugal, que terá menos crescimento, défice superior às previsões do Governo e da troika, dívida pública recorde. A recessão vai ser maior do que o esperado e o cumprimento das metas do défice está em risco, nos próximos dois anos.
Serão as metas do défice cumpridas? “Improvável”, responde a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). As metas acordadas entre Governo e troika deverão ser revistas novamente e, por muita transigência que Portugal consiga dos credores, mesmo assim, deverá ficar com défice excessivo, pelo menos nos próximos dois anos.
A OCDE acredita, com grande margem de certeza, que os acordos estabelecidos e as previsões do Governo não coincidirão com a realidade.
A organização antevê que Portugal terá, em 2013, um défice de 6,4 por cento, muito acima das metas estabelecidas pelo executivo de Passos Coelho e aceite pela troika: 5,5 pontos percentuais.
Já em 2014, também as previsões do Governo não coincidem com a realidade perspetivada pela OCDE. O Governo português definiu como meta um défice de quatro por cento, a organização eleva a fasquia para os 5,1 por cento. Nem com a boa vontade da troika – que poderá renegociar as metas do défice para os 4,5 por cento – Portugal conseguirá cumprir.
A OCDE analisa os números da recessão e conclui que os objetivos do Governo e da troika, mais uma vez, estão distorcidos da realidade: -2,7 por cento, segundo a OCDE, -2,3 pontos percentuais, de acordo com o executivo.
E em 2014 o crescimento da economia portuguesa será quase nulo – 0,2 por cento, segundo a OCDE – o que contrasta com o otimismo do Governo, que antevê 0,6 por cento de crescimento.
Também a dívida pública vai agravar-se, para os 132,1 por cento em 2014, valor histórico, muito acima dos 123,7 por cento que o Governo definiu.
Apenas as exportações poderão dar um impulso a Portugal, mas o desemprego deverá continuar a aumentar, porque o consumo interno continuará a travar o crescimento económico.
A OCDE defende que Portugal não deve adicionar medidas de austeridade, em caso de agravamento da recessão. No entanto, a organização considera que deve haver um corte de despesa.