Tecnologia

O canguru caminhava como o Homem em vez de pular

sthenurinae No tempo dos neandertais, o canguru era bípede. O ‘sthenurinae’, cujo tamanho era o triplo do canguru ‘moderno’, usava as patas dianteiras para catar alimentos de árvores e arbustos. “A ideia de um tipo diferente de locomoção nunca havia sido imaginada”, admitem os paleontólogos.

Nos tempos em que os neandertais andavam pela Europa, caçando os mamutes, na Austrália havia uma espécie de canguru bastante diferente da ‘moderna’. Tão diferente que, tal como o Homem, era bípede.

De acordo com o resumo de estudo publicado na Plos One, os ‘sthenurinae’, que desapareceram há cerca de 30 mil anos, usavam apenas as patas traseiras para se locomoverem.

As da frente estavam ocupadas a arrancar alimentos das árvores e dos arbustos, concluíram os paleontólogos.

“Já sabíamos que os ‘sthenurinae’ eram diferentes em termos de dieta, mas a ideia de que também usavam um tipo diferente de locomoção nunca havia sido imaginada”, admitiu a investigadora que coordenou a pesquisa, Christine Janis, da Universidade de Brown (EUA).

Foi esta paleontóloga quem pensou pela primeira vez, há cerca de uma década, que as diferenças entre “estas criaturas estranhas” e os cangurus da atualidade deviam ser justificadas pela locomoção.

O ‘moderno’ canguru, quando está a pastar, salta para cobrir grandes distâncias ou, nas curta, apoia-se na cauda como uma quinta pata. Mas os fósseis do ‘sthenurinae’ deixavam antever que não teria a mesma facilidade para saltar, até porque podiam atingir com facilidade os 240 quilos de peso e quase dois metros de altura.

O tamanho de ‘sthenurinae’ era o triplo do moderno e, para complicar ainda mais, o focinho era mais curto e nas patas de trás só tinha um ‘dedo’, enquanto os cangurus de agora possuem quatro.

Os grandes ossos do quadril pareciam estar ‘modelados’ para aguentar uma postura ereta, com os grandes músculos do glúteo a permitirem uma distribuição pontual do peso em apenas uma das patas traseiras.

“Eles tinham uma anatomia consistente com a hipótese da locomoção bípede”, frisou a investigadora.

Christine Janis tem uma teoria: à medida que o ‘sthenurinae’ foi crescendo, teve de percorrer distâncias cada vez maiores à procura de alimento e só o poderia fazer se caminhasse como um bípede.

“Os maiores atingiam tamanhos que desafiam a hipótese de que pudessem saltar”, insistiu a paleontóloga.

Em destaque

Subir