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Navios de pesca chineses em São Tomé é “questão de tempo”

A ministra do Turismo, Cultura, Comércio e Indústria são-tomense admitiu hoje que é só uma “questão de tempo” para que o país se abra à atividade piscatória chinesa, mas vincou o compromisso com a sustentabilidade ambiental.

Em declarações à agência Lusa durante a visita que está a realizar a Changsha, Maria da Graça Lavres admitiu que a China tem “muito interesse” nos recursos marítimos do país, assumindo que “esse horizonte se abrirá”.

“É uma questão de tempo: só está atrasado porque é um processo embrionário”, vincou a ministra, apontando que Pequim “está interessada em quase todas as áreas” de cooperação, mas que São Tomé “precisa ser mais ousado para responder às necessidades” do país asiático.

A abertura dos recursos marítimos de São Tomé à atividade piscatória chinesa poderá representar um desafio para um país que se tem distinguido pela sustentabilidade ambiental.

A China, uma das maiores nações pesqueiras do planeta, com milhares de navios de pesca em todo o mundo, é também o país que enfrenta mais acusações por pesca ilegal.

Graça Lavres lembrou o estatuto da Ilha do Príncipe como Reserva Mundial de Biosfera, e que São Tomé se “prepara para receber o mesmo estatuto”, garantindo que os estudos [de impacto ambiental] “terão que ser feitos, antes de tudo”.

“Essas coisas terão que ser respeitadas”, realçou.

A ministra são-tomense falou à agência Lusa em Changsha, no centro da China, onde participa na primeira Exposição Económica e Comercial China/África.

Graça Lavres afirmou ainda que, depois de uma “interrupção”, as relações com a China voltaram com “todo o fulgor”, após restabelecimento dos laços diplomáticos.

“A relação com a China é muito antiga: teve uma interrupção, mas voltou com todo o fulgor”, disse. “A nossa parceria com a China tem sido muito frutífera”, assegurou.

Organizada em conjunto pelo ministério chinês do Comércio e o governo da província de Hunan, a exposição foi lançada no âmbito do Fórum de Cooperação China-África, e visa estabelecer um “novo mecanismo” de cooperação comercial e económica entre a China e os países africanos.

Mais de 1.500 convidados estrangeiros e 5.000 convidados chineses participam no evento, que conta com 3.500 expositores, compradores e visitantes profissionais, segundo a organização.

No ‘stand’ de São Tomé e Príncipe – uma réplica de uma construção tradicional em madeira, com cerca de quarenta metros quadrados – estão dispostos alguns dos produtos típicos do país, com destaque para o cacau e o chocolate.

São Tomé e Príncipe era um dos poucos países que mantinha relações diplomáticas com Taiwan, a ilha onde se refugiou o antigo governo chinês depois de o Partido Comunista tomar o poder no continente, em 1949, e que se assume como República da China.

São Tomé suspendeu as relações diplomáticas com Pequim em 1997 e passou a reconhecer Taiwan, que era então um dos quatro “tigres asiáticos”, ao lado da Coreia do Sul, Hong Kong e Singapura. Apoiada numa pujante economia, a ilha investia muito dinheiro na expansão do seu espaço político internacional.

Entretanto, a República Popular da China tornou-se a segunda maior economia mundial.

Em dezembro de 2016, o país rompeu com Taipé e voltou a reconhecer Pequim como a única capital de toda a China.

O país asiático tornou-se, em 2009, o maior parceiro comercial de África. Pelas estatísticas chinesas, em 2018, o comércio China-África somou 204 mil milhões de dólares (179 mil milhões de euros), um crescimento homólogo de 20 por cento.

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