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“Não faz sentido meter um banqueiro ao lado de um assassino”

Clara Ferreira Alves defende uma separação de criminosos nas cadeias. Num comentário ao caso João Rendeiro, sustentou que a moldura penal que o ex-banqueiro enfrenta é semelhante à de um homicida. “A mulher de Rendeiro foi muito maltratada, para grande gáudio da multidão que gosta dos linchamentos”, lamentou.

Uma declaração de Clara Ferreira Alves, num comentário ao caso que envolve o ex-banqueiro, na SIC Notícias, nesta quinta-feira, tem suscitado reações contraditórias nas redes sociais.

A escritora, comentadora naquele programa, considera que deveria existir uma separação de criminosos, nas cadeias, para evitar que “o criminoso chamado de ‘delito comum” se misturasse com detidos ou condenados por crimes de corrupção.

Clara Ferreira Alves entende que, por serem crimes diferentes, mereceriam tratamento igualmente diferenciado, nas cadeias.

“Os crimes de colarinho branco são muito distintos dos crimes de colarinho azul. O criminoso colarinho branco e o criminoso chamado de ‘delito comum’ são peças diferentes no sistema penal, nem sequer deveriam estar juntos nas mesmas prisões. Não deveriam ser misturados. É um erro enorme. Eu tenho as minhas próprias ideias sobre isso”, defendeu, na SIC Notícias.

Para Clara Ferreira Alves, “não faz sentido nenhum meter um banqueiro ao lado de um assassino, um serial killer” no mesmo espaço prisional. “Não faz sentido nenhum”, reforçou.

O jornalista Daniel Oliveira, comentador no mesmo programa, contrapôs, discordando. “A maior parte dos presos de delito comum não são serial-killers. São pequenos traficantes de droga, provavelmente mais honestos do que o João Rendeiro”, afirmou.

Veja a declaração de Clara Ferreira Alves na SIC Notícias, partilhada no Twitter:

Considerando que “nesta foto em que toda a gente fica mal”, Clara Ferreira Alves afirmara, minutos antes, que João Rendeiro é um bode-expiatório.

“O Rendeiro tornou-se no grande bode-expiatório da grande suspeita que os portugueses têm de que, durante anos e anos, houve uma matilha corrompida, corrupta, que roubou o erário. Houve, de facto. Mas Rendeiro não deveria ser o bode-expiatório dessa matilha. Nem sequer foi o ‘capo di tutti capi’ [expressão usada para designar “o chefe de todos os chefes” da máfia siciliana]

“As penas de Rendeiro começam logo por ser um manifesto exagero, porque são ligeiramente menores do que aquele assassino, o pai que matou a própria filha com violência extrema. Rendeiro ficou quase empatado”, disse Clara Ferreira Alves, para justificar a sua ideia.

A escritora elogia a Polícia Judiciária, mas considera também que “não necessitava de se ter exibido tanto”, no anúncio da detenção do ex-banqueiro, que se encontrava em fuga à Justiça, em lugar incerto, sendo detido na África do Sul.

“A mulher de Rendeiro foi muito maltratada, para grande gáudio da multidão que gosta dos linchamentos”, afirmou.

“Rendeiro é uma personagem extraordinariamente antipática, mas esse não é o crime. A extradição deve ser feita, obviamente, (…) mas nada disto faz sentido. Aquela entrevista à CNN é o cúmulo da burrice”, completou.

João Rendeiro fica em preventiva

O tribunal de Verulam, em Durban, rejeitou hoje a libertação de João Rendeiro sob caução, como pretendia a defesa, enquanto decorre o processo de extradição pedida pelas autoridades portuguesas à África do Sul.

Assim, o ex-banqueiro vai permanecer detido preventivamente na prisão de Westville, correndo agora o primeiro prazo de 12 dias para devida provisão do processo na África do Sul.

O antigo presidente do BPP já revelou que não é sua intenção regressar a Portugal, terá nova audiência no dia 10 de janeiro.

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