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Montalegre com mais ocorrências e área ardida em 2019

Montalegre é o concelho com maior número de incêndios e de área ardida a nível nacional, com 61 ocorrências e 161 hectares queimados nos dois primeiros meses do ano, segundo dados divulgados hoje.

“É de facto muito preocupante. Mesmo considerando que somos um concelho muito extenso, com 800 quilómetros quadrados de superfície, e que 80 por cento do território é baldio e espaço florestal, a verdade é que nada justifica que estejamos no primeiro lugar deste ranking”, afirmou o presidente da Câmara de Montalegre, Orlando Alves.

Segundo dados do relatório nacional provisório de incêndios rurais, em Montalegre (distrito de Vila Real) foram contabilizadas 61 ocorrências entre 01 de janeiro e terça-feira (26 de fevereiro), que resultaram em 161 hectares de área ardida, sendo este o concelho do país com maior número de ocorrências e de área ardida.

Em segundo lugar está Castro Daire (distrito de Viseu), com 48 ocorrências e 120 hectares queimados.

A nível de distritos, Vila Real registou 145 incêndios, Viseu 143 e Braga 116.

“É tudo fruto da ação do homem”, afirmou Orlando Alves.

O autarca lembrou os “contornos sociológicos” que envolvem o município, onde a população “é envelhecida, tem uma ligação profunda à terra e usa o fogo para a renovação de pastagens ou para a queima de sobrantes”.

“À falta de forças, muitas vezes avança o fósforo, que se condena, e aqui está um pouco também a explicação para este posicionamento do concelho”, frisou.

David Teixeira, vice-presidente e comandante dos bombeiros de Montalegre, referiu que, só na terça-feira, foram contabilizadas dez ocorrências no município.

“Isto torna o combate impraticável e impossível e temos que ter a noção que estamos numa época em que o combate é feito por voluntários”, salientou.

O responsável elencou as alterações climáticas que se fazem sentir e que estão a alterar os hábitos das pessoas e disse que a “renovação de pastos está a ser feita de forma individual e não com a coordenação de meios que é preciso”.

Neste sentido, adiantou que a câmara está a trabalhar num novo regulamento para queimas e queimadas, que vai envolver os pastores.

O comandante dos bombeiros de Salto (Montalegre), Hernâni Carvalho, disse que na terça-feira a sua corporação combateu três fogos rurais e referiu que as ocorrências que se têm verificado “têm obrigado a uma mobilização considerável de operacionais”, numa altura “em que o dispositivo disponível é mais reduzido”.

O responsável frisou ainda que “o empenhamento de meios é esmagadoramente de bombeiros voluntários”. Esta semana, têm-se verificado na região dias de sol e de aumento de temperaturas.

“A causa será sempre a mesma, a mão humana por detrás disto, seja negligente ou de forma intencional, o que é certo é que continuamos com um uso descontrolado e abusivo do fogo”, salientou.

O presidente da Câmara de Montalegre, Orlando Alves, defendeu que é precisa “muita sensibilização e formação” para “combater este flagelo”.

Os responsáveis falavam à comunicação social no início da operação “Floresta Segura”, que vai ser desenvolvida pela GNR até ao dia 07 de março neste concelho.

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