Economia

Microcrédito financiou abertura de negócio a 2220 pessoas

A Associação Nacional de Direito ao Crédito (ANDC) financiou em mais de 15 milhões de euros 2.220 negócios, disse hoje à Lusa o presidente da ANDC, António Mendes Baptista.

“A ANDC tem vindo a promover em Portugal o microcrédito inclusivo e que se direciona àqueles que se encontram em situação de pobreza ou de exclusão social, para que possam realizar projetos que criem autoemprego ou microempresas”, explicou o responsável, lembrando que permitiu à maioria das pessoas, entre 1999 e 2016, “sair da situação de desemprego ou dependência económica” para serem criadores de emprego.

Mais de 80 por cento dos microempresários investiram em áreas em que tinham formação específica ou experiência profissional, sendo que em média, entre 1999 e 2016, foram criados 1,12 postos de trabalho por negócio, embora alguns tenham gerado vários postos de trabalho.

Segundo o presidente da ANDC, a taxa de sobrevivência dos negócios criados com recurso ao microcrédito pode considerar-se “muito razoável”.

O valor médio emprestado por projeto foi de 6.700 euros, sendo que mais de metade dos créditos atribuídos situou-se abaixo dos 6.000 euros e apenas 8 por cento superou os 10.000 euros, segundo dados fornecidos pela associação.

A maioria dos desempregados que procuraram financiamento através do microcrédito, por não terem possibilidade de aceder a empréstimos comerciais, tinha entre 25-34 anos e 35-44 anos, com um peso no total de 38 por cento e 29 por cento, pela mesma ordem.

Por áreas de negócio, o setor terciário surge com cerca de 80 por cento dos projetos criados, com um forte peso do comércio a retalho (15 por cento), da restauração (14 por cento) e dos serviços pessoais, desde os cabeleireiros, passando pelas engomadorias, até às limpezas, além dos ligados à educação, saúde e apoio social.

Os negócios nas áreas da informática e consultoria também representam 14 por cento do total e as microempresas nas áreas da indústria transformadora e da construção têm igualmente um peso considerável.

O presidente da ANDC referiu ainda à Lusa que se registou “uma crescente qualificação da população ativa”, salientou.

A maioria daqueles que recorrem ao microcrédito são desempregados, mas entre 2009 e 2016, os trabalhadores por conta própria representavam 20 por cento e os trabalhadores por conta de outrem 10 por cento, mas apresentando sempre “uma situação de vulnerabilidade”, advertiu o responsável pela ANDC.

Embora mais de 20.000 pessoas tenham pedido o apoio da ANDC no período em análise, apenas 10 por cento levou por diante o seu projeto, apesar da associação acompanhar todo o processo, mas nem sempre a ideia de negócio pode ser “coroada” com sucesso, apesar da ADNC procurar “minimizar” os riscos ligados à criação do negócio, lembrou à Lusa António Mendes Baptista.

No âmbito da cooperação tripartida em que o modelo de microcrédito se tem desenvolvido em Portugal a ANDC assumiu o papel de acompanhamento das pessoas, a banca funcionou como entidade que concede crédito nas condições protocoladas com a ANDC e até 2016 o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) contribuiu para os custos do acompanhamento e capacitação dos promotores em função dos resultados atingidos.

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