Fórmula 1

Michéle Mouton duvida se algum dia voltará a haver mulheres na F1

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Michéle Mouton tem fortes dúvidas se alguma vez voltará a haver uma mulher na Fórmula 1. A antiga piloto da Audi, que venceu ralis do campeonato do mundo em 1981 e 182, considera que o facto de algumas mulheres já terem tido êxito noutras disciplinas não as faz ficar mais perto de conseguirem chegar à disciplina máxima do automobilismo.

Presidente da Comissão da Mulher no Desporto Automóvel da FIA, a francesa que esteve recentemente em Portugal para um seminário considera que já se fizeram muitos progressos mas que ainda não chegam.

“Melhorou-se bastante, mas tal como acontece com os rapazes elas precisam de patrocínio de material igual para serem bem sucedidas. E isso não é fácil. Os monolugares não são uma disciplina onde haja muitas mulheres, embora acredite que Marta Garcia, que agora começou a correr na Fórmula 4, vá longe”, afirma Michéle Mouton.

“Ela tem sido muito bem sucedida no karting, ainda é muito jovem e acho que ela é uma promessa”, enfatiza a antiga vice-campeã do mundo de ralis, que no entanto se mostra reticente em dizer que a espanhola consiga algum dia chegar à F1.

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“É difícil de dizer, mas ela começou muito bem. Tivemos três eventos CIK (karting) no ano passado e ela terminou em segundo e em terceiro, o que não é mau. É um bom começo, mas agora vamos ver o que ela vai fazer na Fórmula 4”, explica Mouton.

Relativamente às pilotos mais experientes a a presidente da Comissão da Mulher no Desporto Automóvel da FIA sublinha as suas dúvidas: “Não tem tido muito bons resultados de momento, mas também é difícil para os rapaes. Se olharmos para o número de rapazes que começam poucos chegam às disciplinas de topo e para as meninas é ainda mais difícil. A melhor forma será o número aumentar”.

A antiga piloto da Audi nos ralis também considera que as mulheres sofrem mais com dificuldades de patrocínio e dá um exemplo: “Temos a Lucile Cypriano, que ganhou na SEAT Leon Eurocup no ano passado contra 34 rapazes. Este ano ela não conseguiu patrocínios para a temporada. Ela tem potencial, mas o que pode fazer nestas circunstâncias? Pode ter-se perdido uma grande piloto de carros de turismo”.

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“Temos de promove-las e apoiá-las, mas não as podemos patrocinar. Podemos ajudá-las a encontrar o dinheiro mas de um ângulo diferente – falando com construtores, conseguindo maior cobertura dos media, mas não as podemos apoiar as raparigas financeiramente”, considera Michéle Mouton.

Susie Wolff, que chegou a participar em treinos com a Williams, dá uma década para aparecer outra mulher na F1, mas a antiga piloto de ralis é mais pessimista: “Tem de se ter esperança, mas pessoalmente acho difícil apontar um prazo”.

“É preciso começar por baixo e acho que Susie fez foi fantástico porque abriu as mentes às raparigas mais novas. Mas elas têm de ter as mesmas possibilidades que os rapazes e isso depende de um patrocínio e de encontrar a pessoa certa. E isso não é fácil. Não tenho a certeza absoluta de que um dia veremos uma mulher no topo da F1. Penso que talvez no meio do pelotão mas não na frente”, remata a francesa.

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