A EDP continua a ter lucros, apesar do presidente executivo se queixar das decisões políticas. Segundo António Mexia, as “alterações regulatórias” custaram 115 milhões de euros à empresa só no ano passado, devendo subir para os 300 milhões este ano.
A EDP fechou o ano com resultados de 1005 milhões de euros, mas os lucros poderiam ser bem maiores se não fossem as decisões políticas, defendeu ontem o presidente executivo, António Mexia.
Em causa estão as alterações fiscais e regulatórias adotadas em Portugal e em Espanha. Depois dos 30 milhões de 2012, essas alterações custaram 115 milhões de euros à EDP no ano passado, devendo aumentar este ano para mais de 300 milhões.
“As alterações regulatórias aconteceram primeiro em Portugal do que em Espanha e tiveram impacto logo em 2012. Assim, somando todas as fatias e ainda a nova taxa, temos um impacto a nível ibérico superior a 340 milhões de euros”, lamentou António Mexia, ontem, durante a apresentação de resultados.
O corte nas rendas e a nova taxa extraordinária levaram os lucros a cair um por cento, com a EDP a fechar 2013 com resultados de 1005 milhões de euros.
Ao grupo valeu a subida registada na operação no Brasil, ajudada por um crescimento tímido da EDP Renováveis, e a descida da carga fiscal em 33 por cento, explica o jornal I.
A sessão de apresentação de resultados serviu também para o presidente executivo criticar a taxa sobre as empresas de energia, especialmente por não ser aplicada a outros setores: “uma taxa extrordinária é isso mesmo, extraordinária, o que entendemos como temporária. Na vida, extrordinário costuma ser só uma vez”.
Ainda sobre a Península Ibérica, Mexia garantiu que “não temos intenção de fazer nenhum investimento em Espanha”, em especial devido às decisões políticas: “alterações regulatórias não ajudam a credibilizar nenhum investimento que seja. Temos de ter noção de que só há investimento onde as regras do jogo são claras”.
Por cá, a empresa continua a prometer 500 milhões de euros de investimento para as quatro novas centrais hídricas e o reforço de potência noutras duas, no âmbito do polémico Plano Nacional de Barragens.
“Temos competências nas renováveis e no hidríco e é isso que pretendemos replicar em geografias onde faça sentido. Moçambique faz sentido, mas será sempre feito de modo a não alterar o programa de investimentos previsto para 2014 e incluído na parceria com a China Three Gorges”, acrescentou António Mexia.
O presidente executivo respondeu ainda à Comissão Europeia, que num relatório apontou o custo da eletricidade em Portugal como um dos problemas para a falta de competitividade. Mexia frisou que os preços estão abaixo da média europeia e comentou: “não vale a pena torturar os números até que eles dêem aquilo que nós pensemos que eles deveriam dar”.