O 112 recebe diariamente uma média de 20 telefonemas de pessoas desesperadas, com ideias suicidas, em virtude das dificuldades financeiras. A incapacidade de alimentar os filhos e de cumprir com pagamentos essenciais conduz estas pessoas a procurar apoio nos psicólogos do INEM.
Em média, por dia, há 20 pessoas a ligar para o 112, a pedir socorro, devido a dificuldades financeiras. Cada vez mais, a linha de emergência nacional é um porto de abrigo, sendo que os psicólogos do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) lidam com casos de quase suicídio, em inúmeros casos.
Os números deste drama social foram divulgados pela agência Lusa, que cita o coordenador do Centro de Apoio Psicológico e de Intervenção em Crise do INEM, Márcio Pereira.
Numa comparação entre os anos de 2011 e 2012, assinala-se um crescimento de 70 por cento de chamadas para o 112. No ano passado, contaram-se mais de 5500 chamadas telefónicas para a linha de emergência, apenas de situações do foro psicológico ou psiquiátrico.
Trata-se de telefonemas de pessoas que procuram apoio psicológico, em virtude da falência económica e de dramas familiares decorrentes de situações de desemprego. Cumpre aos psicólogos encontrar um caminho para devolver esperança a elementos centrais de famílias em crise. Destacam-se inúmeros casos de tendências suicidas.
São pessoas que “estão no desespero”, segundo refere à Lusa Márcio Pereira, salientando que estes pedidos de apoio partem de cidadãos que “não têm outra alternativa e ligam para o 112”.
A curiosidade desta revelação dramática é o facto de essas pessoas, que procuram uma voz no 112, ficarem surpreendidas ao saberem que existe do outro lado o serviço de apoio psicológico, com profissionais desta área prontos a agir.
O desafio destes profissionais é transformar o sofrimento profundo em esperança e encontrar uma luz na escuridão. A crise económica está na base da esmagadora maioria dos pedidos de apoio psicológico.
O ritmo de telefonemas cresce, assim como a gravidade das situações relatadas por quem pede socorro. “Ligam porque querem ajuda, alguém que lhes ajude a aliviar a dor”, assinala aquele responsável, à Lusa, citando um exemplo de um homem que revelou ter tomado uma dose extrema de comprimidos, com intenção de se suicidar.
Márcio Pereira conta que se tratava de uma pessoa que “não tinha dinheiro para alimentar os filhos”. O suicídio foi evitado, tal como sucede com mais de 99 por cento dos casos com que o Centro de Apoio Psicológico e de Intervenção em Crise tem de lidar.
Em comum, as pessoas que ligam para o 112 revelam total descrença numa recuperação das bases financeiras da família. Mas há também casos de pessoas que necessitam de consultas de psiquiatria, mas que não dispõem de condições económicas para a pagar. O número de emergência gratuito é a linha que evita o fim de linha.