Um ano depois, o Charlie Hebdo volta a agitar o mundo. O jornal satírico pegou em Aylan Kurdi, o menino de 3 anos que morreu afogado ao tentar chegar à Europa, para o transformar num refugiado adulto que anda pelas ruas da Alemanha a tentar molestar as mulheres.
O jornal satírico que juntou meio mundo no lema “Somos todos Charlie” veio agora provocar esse mesmo meio mundo ao gozar com uma outra causa mundial: os refugiados.
Pegando na imagem que se tornou num símbolo – o corpo morto de Aylan Kurdi, um menino curdo de 3 anos, na costa de uma praia da Turquia –, o Charlie Hebdo ‘ousou’ fazer humor com os escândalos sexuais que abalaram a Alemanha (e outros países nórdicos) e apontando o dedo aos refugiados.
O cartoon, no qual dois refugiados com cara animalesca perseguem as mulheres, é acompanhado por duas questões: “No que se tornaria Aylan se crescesse? Um molestador de rua na Alemanha?”
O desenho do jornal satírico que ‘somos todos nós’ é uma referência à onda de ataques sexuais registados na cidade alemã de Colónia, na noite da passagem de ano, que foram alegadamente perpetrados por cerca de um milhar de refugiados e imigrantes ilegais.
O objetivo do Charlie Hebdo, segundo os responsáveis, era parodiar a crescente islamofobia na Alemanha e noutros países nórdicos, mas a maioria das opiniões defendeu que o jornal perdeu a noção dos “limites para a brincadeira”.
Foi em janeiro do ano passado que a redação do jornal foi palco de um atentado terrorista, que provocou a morte de 12 pessoas, incluindo o diretor e desenhadores.
Em setembro, quando a crise dos refugiados ganhava dimensão na imprensa europeia e mundial, a foto do corpo morto de Aylan Kurdi deu um rosto ao drama vivido por milhares.
O menino de 3 anos morreu afogado no mar Egeu, depois de fugir da Síria e tendo como destino o Canadá.
O cadáver de Aylan deu à costa numa praia da Turquia, tornando-se num símbolo da crise dos refugiados.