As manifestações em Portugal contra a austeridade merecem destaque nos jornais internacionais, com um denominador comum: o sentimento de descrença dos portugueses, que um ano e meio depois do início do programa de ajustamento, veem a crise com a mesma nitidez e revelam poucos sinais de esperança.
Diversos jornais internacionais acompanharam mais uma reação de protesto em Portugal, contra a austeridade aplicada pelo Governo. O dia em que ocorreu a maior manifestação de sempre em Portugal encontrou eco nos jornais de referência.
O espanhol El Pais concede manchete a Portugal, no seu suplemento de economia, com o título “a austeridade asfixia Portugal”. Escreve aquele periódico que “um ano e meio depois da aplicação do programa de ajustamento e sem sinais de recuperação, os cidadãos perdem a esperança em sair da crise”.
Na foto, o El Pais apresenta a Assembleia da República no pós-15 de setembro, com tarjas que ‘pedem’ a saída do Governo e acusam Passos Coelho de ser “gatuno”. Refere aquele jornal, citado pelo Jornal de Negócios, a presença da troika em Portugal “converteu-se num ano de agonia para os portugueses”.
Outro jornal espanhol, o El Mundo, realça a força da manifestação de sábado, que superou todas as expetativas e esteve acima de ideais partidários. O caso do jovem que se imolou em Aveiro também é destacado.
O periódico francês Le Monde cita as frases mais marcantes que os manifestantes gritaram ou exibiram em cartazes. Portugal pede “fim ao terrorismo social” e “um julgamento para quem rouba”, com um destinatário: os governantes. O cariz pacífico da manifestação também merece um sublinhado,
Em Inglaterra, a BBC News associou o protesto português com o espanhol, numa península revoltada e indignada por culpa das medidas de austeridade. O ataque ao edifício do Fundo Monetário Internacional, em Lisboa, é assinalado pelo jornal online daquela estação.
E o sentimento de Portugal trespassou fronteiras, com o norte-americano The New York Times a transmitir o sentimento português contra a austeridade.
Já no Brasil, o G1 da TV Globo cita “gritos e cartazes” contra o Governo de Pedro Passos Coelho, considerando que as duras medidas de austeridade deixaram os portugueses sem paciência.