Jorge Sampaio, ex-Presidente da República e alto representante da Nações Unidas, considera que o “medo, ressentimento e desconfiança” dos portugueses são “uma mistura explosiva”, que nenhum Governo pode ignorar. Sampaio lembra que “no centro da crise estão pessoas”.
Alto representante do secretário-geral das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações, Jorge Sampaio aconselha os políticos portugueses a olharem as pessoas e a esquecerem os número, sob pena de a crise económica ter repercussões sociais incontroláveis.
Sem medo das palavras, em declarações à agência Lusa, Jorge Sampaio sublinhou que, em resultado desta crise, há sinais de “medo, desconfiança e ressentimentos”, que constituem “uma mistura explosiva”.
“Esta crise não é só uma questão de números, de orçamento e de financiamentos. No centro da crise estão pessoas, que temem pelos seus empregos, receiam pelo futuro. No centro da crise estão cidadãos que começam a ficar dominados pelo medo, pela desconfiança e pelo ressentimento, uma mistura explosiva para a qual há que saber dar uma resposta”, salientou Sampaio àquela agência noticiosa.
O antigo chefe de Estado português – que está a coordenar em Istambul a conferência de doadores da Aliança das Civilizações, que arrancou na passada quinta-feira – pretende que a resposta a este cenário económico adverso carece de uma resposta política, sem que se percam as “respostas cívicas que os cidadãos possam organizar”.