Um livro prestes a ser lançado refere Jesus Cristo como casado, com Maria Madalena, pai de dois filhos e vítima de uma tentativa de assassinato. A obra foi baseada no ‘Evangelho perdido’, um manuscrito com cerca de 1500 anos que a Igreja Católica considera apócrifo.
Um livro que ainda não foi lançado abriu uma nova polémica com as comunidades laica e cristã dos EUA e do Canadá.
Barrie Wilson, professor de Estudos Religiosos da Universidade York, de Toronto (Canadá), e Simcha Jacobovici, escritor e jornalista israelo-canadiano Simcha Jacobovici, prometem lançar ainda este mês uma obra que apresenta um Jesus Cristo bem diferente do que é referido pela Igreja Católica.
De acordo com a obra, Jesus chegou a casar-se com Maria Madalena, com a qual teve dois filhos, terá sido vítima de uma tentativa de assassinato, quando teria cerca de 20 anos, e manteve relações de sociedade com o imperor romano Tiberius e com Sejanus, um dos principais generais da altura.
Estas são as passagens mais polémicas de um livro baseado no ‘Evangelho Perdido’, um manuscrito com mais de 1450 anos e que a Igreja já considerou apócrifo.
Para a tradução desse evangelho, escrito em siríaco (uma língua com as raízes do aramaico, a falada por Jesus), terão sido necessários vários meses, indica o jornal Sunday Times.
Barrie Wilson justificou, através da página na internet, que o manuscrito é conhecido há quase 200 anos, mas que nunca foi revelado por falta de conhecimento específico por parte dos poucos investigadores que tiveram acesso ao documento.
Para Simcha Jacobovici, trata-se de uma cópia, feita no século VI, de um evangelho escrito ainda no século I.
Com 29 capítulos, o manuscrito, uma pele de animal tratada, tem sido guardado pela Biblioteca Britânica, nas últimas duas décadas, a pedido do Museu Britânico.
Esta instituição terá comprado a obra, em 1847, a um comerciante que alegava ter encontrado o manuscrito no antigo mosteiro de São Macário (no atual Egito).
A mulher de Jesus
Não é a primeira vez que um manuscrito milenar atesta o alegado casamento de Jesus Cristo.
Em abril, uma série de exames comprovou que um fragmento de papiro, descoberto em setembro de 2012, datava mesmo do século VIII: é o documento mais antigo a referir-se a um Jesus casado com Madalena.
Escrito na língua copta, o papiro cita as expressões “Jesus disse-lhes: ‘Eis a minha esposa’” e “Ela poderá ser minha discípula”.
“Espero que possamos avançar para questões como o significado deste fragmento para a história do Cristianismo e para pensar sobre questões como: porque é que Jesus ser casado é tão importante? Porque é que as pessoas reagem de forma tão incrível a isso?”, argumentou Karen King, a professora de História na Universidade de Harvard Divinity (EUA) que, em abril, apresentou o papiro ao mundo.
Para a Igreja Anglicana, cujo porta-voz foi citado pelo Sunday Times, as histórias destes dois manuscritos têm “mais semelhanças com Dan Brown”, o escritor que desenvolveu a teoria do casamento e dos filhos de Jesus com Madalena em ‘O Código Da Vinci’, “do que com Mateus, Marcos, Lucas e João”, os quatro evangelistas reconhecidos pelos vários ramos da Igreja.
