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Incerteza do Brexit provoca queda de investimento no setor automóvel britânico

O investimento na indústria automóvel britânica caiu para metade no último ano e a produção de carros para o nível mais baixo dos últimos cinco anos, sinais do impacto do Brexit, revelou hoje a organização de fabricantes.

A incerteza que envolve o processo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE), aliada à natureza cíclica dos investimentos no setor, fez o investimento descer cerca de 46,5 por cento para 588,6 milhões de libras (672 milhões de euros), contra 1,1 mil milhões de libras (1,26 mil milhões de euros) em 2017.

Este valor já tinha descido 33,7 por cento no ano anterior, de 1,66 mil milhões de libras (1,9 mil milhões de euros) em 2016.

“Mostra que investidores estão a fazer uma pausa. É por isso que precisamos de um acordo”, afirmou, numa conferência de imprensa o presidente executivo da SMMT, Mike Hawes.

Segundo a organização, a produção de carros do Reino Unido caiu 9,1 por cento para 1,52 milhões de unidades em 2018, 81,5 por cento das quais são exportadas, metade para a União Europeia.

O próprio mercado britânico registou uma baixa na procura de 21 por cento, mas o principal impacto foi registado nos principais mercados, 24,5 por cento na China e 9,6 por cento na Europa, a qual não foi compensada por um crescimento das exportações para o Japão, Coreia do Sul, Rússia e EUA.

Hawes lembrou que, além da fatia de 52 por cento nas exportações de automóveis britânicos, 15 por cento das vendas globais são feitas para países com acordos de comércio preferenciais com a UE.

“A saída da UE sem um acordo seria catastrófica para a indústria. Não é só o maior mercado, é a maior fonte de importações e fornecedores. Qualquer barreira erguida afeta o setor”, vincou Hawes.

Segundo a SMMT, todos os dias entram para o Reino Unido 1.100 camiões com peças e equipamento no valor de 35 milhões de libras (40 milhões de euros), refletindo a necessidade de uma circulação sem atritos.

A saída do Reino Unido da UE está marcada para 29 de março, mas um período de transição até ao final de 2020 em que o país continuaria no mercado único europeu está em risco devido à dificuldade do Governo em fazer passar um Acordo de Saída negociado com Bruxelas.

Após ter rejeitado o texto por uma margem de 230 votos, o parlamento britânico votou a favor de uma renegociação do documento para mudar uma disposição relacionada com a Irlanda do Norte, o que a UE recusa.

Um estudo promovido pela CIP – Confederação Empresarial de Portugal com o apoio da Ernst & Young – Augusto Mateus & Associados (EY-AM&A) identificou as exportações do setor automóvel, juntamente com o turismo, como as duas áreas que mais podem sofrer com o Brexit em Portugal.

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