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Idoso paga 20 mil euros de coima por guardar milhafre real que salvou da morte

milhafre20 mil euros milhafre idosoO milhafre real ‘de’ José Ferreira, de 82 anos, foi tomado pela Guarda Nacional Republicana (GNR) em 2012, segundo o Jornal de Notícias. A ave, em vias de extinção, está protegida por convenções. O idoso, de Santa Comba Dão, salvou o pássaro, mas infringiu a lei. E por isso tem uma multa de 20 mil euros para pagar. Recebe uma reforma de 250 euros mensais.

O idoso de Santa Comba Dão salvou o milhafre da morte, há 20 anos, mas a ave nunca conseguiu voltar a voar, apesar de ter via verde para o fazer, já que foi colocada numa gaiola sem porta. Uma lesão numa asa deixou os céus à distância de um sonho.

O tempo passou e o homem, de Póvoa de Mosqueiros, tratou do milhafre com carinho, talvez recíproco. Mas o milhafre real é uma espécie em vias de extinção e a lei impede que seja adotado como animal de estimação.

Nunca foi essa a intenção de José Ferreira. Apenas quis ajudar o animal, que por ali ficou, como quem pede ajuda e companhia. Ou como quem agradece pelos cuidados prestados, já que o milhafre se apresentou muito maltratado, com uma asa ferida.

Durante este tempo, foi alimentado com peixe ou carne crua e protegido do mundo, provavelmente impiedoso para com um milhafre de asa ferida, perto de acompanhar o processo de extinção da espécie.

Até que uma denúncia anónima na GNR mudou o destino do milhafre real e deixou José Ferreira e a mulher privados da ave que já fazia parte da família.

Pior: deixou este casal de idosos, com uma pensão de miséria, de 250 euros, segundo o JN, a fazer contas à vida. É que a multa de 20 mil euros está muito longe do alcance do que podem pagar.

O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas considera que José Ferreira “cometeu uma contraordenação muito grave”, que ao abrigo da lei é “punida com uma coima de 20 mil euros”, escreve o JN.

O idoso deteve, “sem autorização”, um milhafre real, ave que está inscrita na “Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção”.

Mas este não é o único ‘crime’ deste idoso de Santa Comba Dão. Ao abrigar e manter em casa o milhafre real, violou a “Convenção de Proteção da Vida Selvagem e dos Habitats Naturais, punível com 249,39 euros”, acrescenta o mesmo jornal.

José Ferreira recorda o dia em que o milhafre apareceu caído no seu quintal. O seu instinto foi tratar dele, sarar as feridas na asa direita, dar-lhe um abrigo e proporcionar-lhe o acesso à vida natural, longe de cativeiro.

Acontece que o pássaro por ali permaneceu. O idoso, acamado, vive o desconforto de ter perdido o milhafre, com quem se habituou a conviver, e com uma multa que está muito acima do que consegue pagar.

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