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Gustavo Santos defende-se: “A nossa verdade pode chocar”

gustavo santos Gustavo Santos quer terminar com a polémica em que se viu envolvido depois de comentar, no Facebook, o ataque ao Charlie Hebdo. O orador escreveu uma longa carta aberta para que a interpretação do post original não dependesse de “uma visão primária”. “Gostaria de assumir que aquilo que escrevi podia, e devia, ter sido mais afinado”, explicou.

“Carta aberta à opinião pública”. Através do site pessoal, o orador e escritor Gustavo Santos respondeu aos críticos e aos fãs depois de ter incendiado o Facebook com um comentário sobre o ataque ao jornal satírico Charlie Hebdo, que provocou 12 mortos.

Depois da “enorme cascata de opiniões em torno da minha pessoa” e do “destaque exacerbado que vem sendo dado por anónimos e até pelos media”, mas sobretudo pela “profunda manipulação relativamente ao conteúdo daquilo que afirmei sobre o que infelizmente sucedeu em Paris”, Gustavo Santos apresentou “algumas notas” e levantou “algumas questões” com vista ao “esclarecimento de uns e para a consciência de outros”.

Assim, depois de repetir o post que deu origem à polémica, o orador assumiu que “gostaria, desde já, de assumir que aquilo que escrevi na tarde de ontem podia, e devia, ter sido mais afinado”.

“Quando o partilhei, fi-lo unicamente focado no que seria perceptível para mim e para quem vibra na mesma consciência”, justificou-se.

Lamentando que alguns “não tenham lido o ‘post’ na íntegra ou feito qualquer esforço para interpretá-lo para lá de uma visão primária, deixando-se unicamente levar pela maré de asneiras e por aí adiante”, Gustavo Santos reconheceu que “podia ter feito melhor”.

“Deixei-me levar pelo que estava a sentir e esqueci-me de que estava a falar para milhares de pessoas com crenças e visões diferentes das minhas. O conteúdo é, na minha opinião, intocável, no entanto, a abordagem podia e devia ter sido outra”, reforçou.

Afirmando “peremptoriamente” ser “pelo amor e nunca pelo ódio”, o orador classificou o atentado contra o Charlie Hebdo como um “ato hediondo” perpetrado por um “radical”, que “não é uma pessoa como nós”.

“Não pensa como nós, não sente como nós, não vê o que nós vimos, não alcança o que nós alcançamos. E é neste sentido que me sinto frustrado com os profissionais do ‘Charlie Hebdo’ pelo sucedido. Eles eram os únicos que podiam ter evitado este massacre porque eram os únicos com uma consciência de mudança”, argumentou.

“Um fundamentalista não é consciente a este nível. Não há sequer um vislumbre de mudança na cabeça de um radical. Ele só tem uma verdade. É a dele e tudo o que for contra a dele, é para ser arrasado”, continuou Gustavo Santos, explicando que no post original optou por “colocar-me na cabeça deles”.

“Sim, colocar-me no lugar deles”, reforçou o orador, levantando algumas questões: “O que pensariam ao ver, semanalmente, atentados (sim, para eles são autênticos ataques; não são cartoons humorísticos) contra as suas leis, contra o seu ídolo, contra a razão do seu viver? O que sentiriam ao testemunhar tamanha falta de respeito? O que lhes apeteceria fazer perante tudo isto? Dá que pensar, certo?”

“Colocar-me no ponto de vista deles, não quer dizer que os defenda”, destacou o orador e escritor: “De modo algum. É desumano. Apenas apelei à minha consciência e a minha consciência diz-me que aquilo que fizeram é normal para eles”.

Pretendendo o fim da polémica, Gustavo Santos sublinhou que “nada justifica a perda de uma vida humana” e comentou a “enorme incongruência e insensatez” que existe em Portugal, como ficou demonstrado por alguns “juízos de valor” feitos nos comentários ao texto original: “Num segundo censuram o não direito à liberdade de expressão, e fazem muito bem, mas no segundo seguinte já atacam, e de forma veemente, a própria liberdade de expressão. Não me parece um discurso equilibrado, no entanto, aceito”.

Pode ler a carta aberta de Gustavo Santos na íntegra aqui.

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