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Greve deixa estações vazias, comboios parados e passageiros descontentes

Estações quase vazias, comboios suprimidos e passageiros descontentes era o cenário hoje de manhã nas estações de Sete Rios e Santa Apolónia, em Lisboa, devido à greve dos trabalhadores do setor ferroviário.

Nas duas estações, o cenário era idêntico: placards com informação sobre comboios suprimidos e alteração de horários, mensagens sonoras de pedidos de desculpa e informações.

Alguns passageiros desconheciam a existência da greve e foram apanhados desprevenidos, outros, apesar de saberem, arriscaram na esperança de “conseguirem um comboio”.

Na estação de Sete Rios, cerca das 08:30, António Pedro que precisava de ir até à estação do Oriente disse à Lusa ter sido apanhado desprevenido com a greve.

“Estou aqui desde a 07:36. Se soubesse vinha de carro. Cheguei aqui e fiquei surpreendido (…) Vou aguardar e depois tentar arranjar um transporte alternativo para a gare do oriente”, disse.

Por sua vez, Maria Santos, que estava desde as 07:00 na estação de Sete Rios, com o intuito de ir para a Castanheira do Ribatejo, concelho de Vila Franca de Xira, disse à Lusa que tinha conhecimento da greve, mas arriscou porque pensava que havia “pelo menos um comboio”.

Em Santa Apolónia, Cléber Gontijo contava à Lusa cerca das 10:30 que pretendia ir com a família a Fátima e tinha sido apanhado desprevenido pela greve.

“Fomos informados de que teríamos de deslocar-nos à rodoviária para apanhar um autocarro”, disse.

Também em Santa Apolónia, Luís Bravo, do Sindicato Ferroviário da Revisão e Comercial itinerante (SFRCI), dizia à Lusa que a adesão à greve estava a ser, cerca das 10:30, elevada.

“Há uma adesão massiva à greve. Os trabalhadores da aérea comercial estavam [a aderir] a 100 por cento quer na bilheteira, quer da revisão e chefias diretas. Teremos alguns comboios a circular com dois maquinistas que estão a sofrer grandes pressões para violar a lei da greve. Por isso, quero fazer um agradecimento público aos maquinistas que não cederam às pressões”, disse.

De acordo com Luís Bravo, a taxa é enorme em todo o país, havendo 85 por cento de comboios parados.

Na Linha de Cascais temos 100 por cento, Sintra 98 por cento e no resto do país da ordem dos 90/95 por cento”, disse.

Os trabalhadores ferroviários da CP, Medway e Takargo estão hoje em greve contra a possibilidade de circulação de comboios com um único agente.

Os sindicatos consideram que “a circulação de comboios só com um agente põe em causa a segurança ferroviária – trabalhadores, utentes e mercadorias”, e defendem, por isso, que “é preciso que não subsistam dúvidas no Regulamento Geral de Segurança (RGS)”.

No domingo, o Governo disse que a greve na CP “não tem justificação material” e explica que os sindicatos marcaram a paralisação contra um regulamento que existe desde 1999, que nunca foi alterado e nem vai ser.

Em declarações hoje à Lusa, Luís Bravo disse não entender as declarações do secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme d´Oliveira Martins.

“Não entendemos as declarações do secretário de Estado ao dizer que o regulamento é de 1999 quando não quis [colocar] no papel preto no branco no regulamento que fez publicar a 30 de abril que irá definir as regras segurança ferroviárias (…)”, disse.

Contudo, Luís Bravo salientou que os trabalhadores continuam dispostos a dialogar e pediu desculpa aos utentes que hoje foram afetados pela paralisação.

Uma fonte da CP adiantou hoje de manhã à Lusa que a greve dos trabalhadores ferroviários parou hoje quase 100 por cento dos comboios urbanos de Lisboa, 72 por cento dos do Porto e regionais e 66 por cento das ligações internacionais.

Os dados recolhidos pela CP indicavam que entre as 00:00 e as 08:00 a greve suprimiu 10 ligações internacionais (66 por cento), 60 comboios regionais (72 por cento), 114 comboios urbanos de Lisboa (98 por cento) e 36 urbanos do Porto (72 por cento).

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