Mundo

Grécia em greve geral: Hoje protesta-se contra o fim da televisão e rádio do Estado

antonis samarasA Grécia está hoje paralisada. As duas principais centrais sindicais convocaram uma greve geral de 24 horas para protestar contra o fim da televisão e rádios públicas. Amanhã, não haverá notícias nos jornais sobre as manifestações de hoje: os jornalistas também estão em greve.

“A revolução não será televisionada”. O título do documentário sobre o golpe de Estado de 2002 na Venezuela ilustra bem a situação da Grécia nos dias de hoje. O Governo de Antonis Samaras fechou o grupo ERT, a televisão e rádio públicas, e a população está hoje em greve geral. As duas principais sindicais convocaram uma paralisação de 24 horas e, com os jornalistas da Imprensa a aderirem à greve, amanhã não haverá jornais para relatar os protestos de hoje.

Milhares de pessoas responderam ao apelo das centrais sindicais e desde manhã que se têm concentrado em frente à sede da ERT, exigindo a reabertura da televisão e da rádio públicas. Outros setores, como os transportes públicos de Atenas e a administração pública, aderiram à paralisação. O fecho da ERT espoletou um sentimento de protesto geral contra as políticas de austeridade e os cortes do setor público.

No caso da televisão e rádio públicas, a decisão do Governo manda cerca de 2700 trabalhadores para o desemprego. Os jornalistas das estações privadas, por solidariedade e temendo as repercussões dentro do setor, entraram de imediato em greve e hoje ainda não foi transmitido qualquer telejornal.

Os controladores aéreos também aderiram à greve, à semelhança do que fazem os colegas franceses. Dezenas de voos, incluindo ligações internas, têm sido cancelados.

Samaras isolado

A decisão do Governo de Antonis Samaras, que justificou o fecho da ERT com a necessidade de terminar com “um antro de privilégios, opacidade e desperdício” (palavras do primeiro-ministro), é apenas apoiada por um partido dentro da coligação governamental: o Nova-Democracia.

Simos Kèdikologlou, porta-voz do primeiro-ministro, já revelou que o executivo quer criar “uma nova rádio, internet e televisão gregas” , a NERIT S.A., mais ágil e que poderá recrutar funcionários da ERT. Contudo, o futuro grupo terá apenas 1200 trabalhadores, menos de metade dos agora despedidos.

Quer os socialistas do Pasok, quer a esquerda moderada do Dimar contestam, dentro do próprio Governo, a decisão de Samaras. Evangelos Venizelos, líder do Pasok, antecipa o “ambiente de crise política” e exige que o primeiro-ministro “salvaguarde a unidade e o futuro do Governo”, uma coligação com cerca de um ano.

Os jornais de hoje (a greve só produz efeitos amanhã, quando nenhum diário estará nas bancas) têm títulos que resumem a crise política em formação. “Acrobacias perigosas, tais como o espetro de eleições antecipadas, fazem a sua aparição no écran a negro da ERT”, sugere TA Néa, o jornal (de centro-esquerda) com a maior tiragem do país. “A ERT provoca problemas no seio da coligação governamental” , complementa o Naftémporaki, um diário financeiro. “[Samaras] está determinado a mudar o modelo do serviço público”, defende o Eleftheros Typos, de direita.

Em destaque

Subir