Caso de corrupção envolve quatro militares da Guarda Nacional Republicana (GNR) de Vila do Conde, de acordo com a Polícia Judiciária. Os militares terão usado do poder para obrigar os comerciantes chineses a entregar-lhes dinheiro, em operações de trânsito e em fiscalizações alegadamente planeadas com esse objetivo.
Os quatro militares da GNR têm idades compreendidas entre os 25 e os 40 anos de idade, sendo que um deles ocupara o cargo de comandante de posto, do qual foi exonerado, em julho passado.
Em causa estão crimes de corrupção, extorsão, peculato e abuso de poder, sendo que as vítimas eram os comerciantes chineses locais – em Vila do Conde, há uma forte presença de lojas de chineses. No entanto, há outras vítimas, de acordo com a PJ.
A investigação da Judiciária descobriu que o suspeito de liderar o grupo de militares era o ex-comandante do posto vilacondense, sobre o qual recaiam diversas suspeitas, que levaram a que fosse exonerado do cargo.
Outros três militares também terão participado nesta burla, sendo que todos estão detidos, em celas da GNR localizadas na Maia e em Matosinhos.
Os quatro militares abusavam do poder que as suas funções lhes conferem, para obrigar os comerciantes, sobretudo chineses, a entregarem dinheiro e outros bens. Os militares faziam operações de trânsito e fiscalizações em estabelecimentos de Vila do Conde com o objetivo de levar as vítimas a escapar a multas.
Os militares da GNR levaram as vítimas a recorrer ao suborno, sendo que teriam a perceção de que através do suborno conseguiriam penas menos pesadas. As vítimas, no fundo, acabaram por participar nos atos, dos quais também são culpados.
A investigação da PJ levou à descoberta de indícios como o desaparecimento dos livros de multas da GNR, documentos que eram usados para praticar os crimes de extorsão e de corrupção. Os valores pagos em multas terão sido indevidamente retirados ao erário público, por parte dos militares.
Os militares atuavam preferencialmente na zona da Varziela, em Vila do Conde, onde estão montados diversos negócios de cidadãos de nacionalidade chinesa. No entanto, há portugueses que acabaram por cair neste esquema e participaram na corrupção dos guardas.
A prática destes crimes ocorreu desde maio de 2011, pelo menos. O Destacamento Territorial de Matosinhos da GNR denunciou o caso e suscitou a investigação, que resultou na detenção dos quatro militares.
A Associação Nacional de Guardas já emitiu um comunicado, onde salienta que este caso é isolado e que não deve pôr em causa a dignidade da Guarda Nacional Republicana. Os militares serão presentes a juiz ainda hoje.
