Mundo

Furnas em Cabo Verde estudadas para centrais naturais de produção de energia

Um investigador cabo-verdiano está a avaliar a possibilidade de as furnas em Cabo Verde serem usadas para a construção de centrais de extração de energia das ondas porque, além de baratas, demonstraram durante séculos a sua robustez no mar.

A hipótese faz parte de um estudo mais alargado do investigador da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade de Cabo Verde, Wilson Léger Monteiro, sobre utilização da energia das ondas do arquipélago cabo-verdiano, o qual já demonstrou que a extração desta energia limpa pode abastecer a totalidade da energia consumida nas ilhas do Maio e Brava e 15 a 20 por cento da usada na ilha de Santiago.

Em entrevista à agência Lusa, Wilson Léger Monteiro afirmou que o conteúdo energético das ondas é maior em alto mar, mas que o mesmo pressupõe “uma tecnologia mais complicada”, além de obrigar a intervenções e atividades de manutenções mais difíceis.

Por esta razão, a investigação abordou também a possibilidade de se recorrer a dispositivos costeiros “mais acessíveis, simples e baratos”.

O mais conhecido é o de coluna de águas selante (instalado nos Açores), mas o estudo contempla uma particularidade: “Em vez de analisarmos a utilização dessas infraestruturas artificiais, a ideia é aproveitar as furnas marítimas”, pois o funcionamento e a manifestação das furnas marítimas é “em tudo semelhante ao princípio de funcionamento de um dispositivo de coluna de águas selante”.

Para o investigador, “as vantagens da utilização das furnas são várias”, a começar pela sua durabilidade.

“Estamos a usar estruturas que ao longo do tempo foram testadas por agressões, em termos de climas de ondas. E é também possível conseguir-se uma redução de custos significativos, principalmente em termos de custos de construção civil associados a uma central de dispositivo”, adiantou.

Na prática, a ideia é “aproveitar o que a natureza já fez – as cavernas naturais”.

A ideia é “adaptar um sistema turbo gerador nestas furnas e aproveitar o fluxo de ar que entra e sai destas infraestruturas naturais para produzir eletricidade limpa”.

“À medida que as ondas se aproximam das furnas, a coluna de ar aprisionada no interior das rochas sobre um aumento significativo de pressão e é obrigada a sair para fora através de orifícios. Da mesma forma, quando as ondas se afastam há uma diminuição da pressão do ar no interior das cavernas e o ar é sugado da atmosfera para dentro das rochas, das furnas”.

Esse fluxo de entrada e saída de ar pode ser aproveitado para fazer mover uma turbina de ar que, por seu lado, estará conectada a um gerador elétrico para produzir eletricidade.

Estão já referenciadas várias furnas à volta da ilha de Santiago, embora o estudo deva ser alargado para outras ilhas, se para tal conseguir obter financiamento.

“Seria mais interessante se a concentração de furnas para uma certa localidade fosse maior. Em vez de uma furna, duas ou três, relativamente próximas, e que podiam ser aproveitadas para uma localidade”.

O próximo passo da pesquisa é montar uma experiência localmente para medir um conjunto de parâmetros físicos e a partir deles “quantificar o potencial em termos energético destas furnas”.

Uma das furnas referenciadas e que deverá ser a primeira a ser alvo da investigação está situada da Cidade Velha.

Em destaque

Subir