Fórmula 1

Foi há 25 anos que nos deixou o ‘mágico’ das pistas

Hoje cumprem-se 25 anos desde a morte de Ayrton Senna, considerado por muitos o melhor piloto de Fórmula 1 de sempre também conhecido no meio como o ‘mágico’.

Se o termo melhor piloto pode ser exagerado para alguns, pelo menos fica o reconhecimento do talento do piloto brasileiro, um verdadeiro génio das pistas, que nos deixou naquela fatídica corrida de Imola (Grande Prémio de São Marino) em 1994.

Lembro-me que estava a almoçar nesse dia e até fiquei engasgado com a comida. Não queria acreditar no que via no pequeno ecrã. Meses antes, em janeiro, tinha estado com ele no Autódromo do Estoril, numa ‘gelada’ apresentação oficial da equipa Williams Renault.

Aquele dia de 1994 em Imola não foi só terrível para Ayrton, também o foi para austríaco Roland Ratzenberger, que perdeu a vida nos treinos de sábado. Isto depois de um ‘aviso’ quando o Jordan de Rubens Barrichello ‘voou’ centenas de metros até se imobilizar, felizmente sem consequências físicas para o brasileiro.

O desaparecimento de Ayrton Senna teve consequências no automobilismo brasileiro, pois embora tenham surgido alguns valores importantes, como Felipe Massa, Hélio Castroneves, Tony Kaanan ou Lucas di Grassi, a verdade é que o desporto automóvel nunca mais foi o mesmo no país do samba.

“Houve algum sucesso depois de Ayrton Senna, mas a falta de uma estrutura interna no desporto motorizado brasileiro não permitiu o seu desenvolvimento”, diz Alexander Grunwald, um jornalista especializado brasileiro.

A perda de Senna foi muito sentida no seu país, numa época muito especial. “Nos anos de 1980, onde havia uma hiper inflação, no final da ditadura – não fazia sentido ter orgulho no Brasil. Mas Senna levou a bandeira do Brasil pelo mundo fora como um símbolo e tornou muitos brasileiros orgulhosos”, diz Grunwald.

Mas o legado do Senna ficou, porque continuam a existir novas ‘fornadas’ de pilotos brasileiros, sendo que mesmo 25 anos depois 47 por cento das pessoas na sua cidade-natal, São Paulo, colocam-o como a maior figura do país, deixando Pélé a um distante segundo lugar.

Alexander Grunwald lembra: “Com Senna os domingos em família eram em frente à televisão. Eventos culturais e desportivos eram planeados para o ‘Dia Senna’ no Circuito de Interlagos em São Paulo”.

Controverso, mas carismático, Senna sagrou-se Campeão do Mundo de Fórmula 1 em 1988, 1990 e 1991, quando guiou para a equipa McLaren. Mas morreu assim que trocou a equipa de Woking pela Williams, que em 1993 já era a equipa de referência na F1. E foi pela formação de Grove que acabou por morrer em Imola no ano seguinte.

É famosa a confrontação de Ayrton com Jean-Marie Ballestre, que era então o presidente da Federação Internacional  do Automóvel (FIA), a quem acusou de favorecer o seu arqui-rival Alain Prost, por ser francês.

“É óbvio que nem tudo era perfeito… havia rivalidade na pista”, recorda outro jornalista brasileiro especializado na F1, Fred Sabino. Contudo, recorda, “os aspetos positivos suplantaram os negativos”.

A ironia é que no funeral de Ayrton Senna em São Paulo – uma cerimónia de estado – Alain Prost foi um dos pilotos que carregou o caixão do seu ex-companheiro de equipa. “Determinação” e “dedicação” foram as palavras usadas pelo francês para explicar o sucesso de Senna.

A memória do campeão brasileiro e os valores que defendia foram de certa forma perpetuados pelo instituto com o seu nome fundado pela sua irmã Viviane em 1994, dedicado a ajudar crianças necessitadas.

Livros e documentários sobre a vida de Senna mostraram um homem focado na sua carreira, quase de uma forma obsessiva. Em várias entrevistas Ayrton falou da sua fé católica e defendeu as virtudes da disciplina mental.

Fora da pista o piloto teve também uma vida pessoal muito badalada, com destaque para as suas vistosas namoradas, nomeadamente a apresentadora de televisão Xuxa e a modelo Adriane Galisteu, que o chegou a acompanhar em alguns Grandes Prémios.

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