Economia

FMI culpa “falhanço das políticas anteriores” à troika

fmi thomsen 210fmi thomsen O “considerável sacrifício social e da população” e “as dificuldades” vividas desde o resgate da troika são, para Poul Thomsen, culpa do “falhanço das políticas anteriores”. Para o primeiro chefe de missão do FMI, ainda “não há espaço para períodos de estagnação”.

Poul Thomsen, o primeiro chefe de missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) no Programa de Assistência Económica e Financeira a Portugal, atribuiu a culpa dos “sacrifícios” e “dificuldades” do resgate aos governos anteriores, ilibando as responsabilidades dos credores internacionais.

Reconhecendo que os bons resultados atuais da economia portuguesa foram “obtidos com um considerável sacrifício social e da população”, o responsável do FMI lembrou que “muitas vezes estas dificuldades são erradamente atribuídas ao programa”, uma visão com a qual discorda.

“Falhanço”

“Essas dificuldades devem-se ao falhanço das políticas anteriores”, afirmou Poul Thomsen, durante a participação na conferência “Portugal Pós-Troika” (promovida por Jornal de Negócios e Rádio Renascença), acrescentando que os efeitos se fizeram sentir de forma agravada após a implementação do programa de resgate.

Para além da classe política, o diretor adjunto do FMI para a Europa responsabilizou ainda os bancos portugueses pela má gestão dos efeitos da adesão à moeda única.

Bons resultados, mas…

Numa avaliação ao ajustamento, ‘descontados’ já os “sacrifícios” e as “dificuldades”, Poul Thomsen destacou a boa prestação registada por Portugal, embora lembrando que ainda falta cumprir um terço do programa.

Comparando com uma maratona, na qual o último terço é o que custa mais, o antigo chefe de missão apontou os constrangimentos que Portugal enfrenta até à saída da troika e o regresso aos mercados.

A dívida pública está a um nível tão elevado que corre o risco de ultrapassar o limiar da sustentabilidade, referiu Poul Thomsen, o que exige uma gestão cuidadosa das finanças públicas.

No setor privado também existe um elevado endividamento, acrescentou, enquanto o investimento, quer público, quer privado, tem atingido mínimos históricos.

O desemprego continua a ser um problema estrutural, com o economista a focar-se nas disfunções entre os desempregados e os empregados mais protegidos.

“Consenso”

Para resolver estes constrangimentos, será preciso algo que se tem tornado moda no discurso político nacional: “consenso”, afirmou Thomsen.

“Uma grande vantagem do país foi o elevado nível de consenso político e social no início do programa”, elogiou o responsável do FMI, sustentando que “o desafio essencial para os políticos portugueses” é terminar as reformas estruturais, o que depende do “consenso”.

“Com este nível de dívida não há espaço para períodos de estagnação”, pelo que se as reformas não terminarem a economia nunca regressará a níveis sustentáveis, concluiu.

“Todos apoiamos impostos mais baixos”, acrescentou Poul Thomsen, mas a carga fiscal só poderá diminuir, segundo o FMI, quando houver cortes na despesa pública que garantam o equilíbrio orçamental.

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