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Exército da Síria usa crianças como escudos humanos na luta contra os rebeldes

bashar-al-assadExército da Síria está a usar crianças como escudos humanos, torturadas e colocadas nos tanques por partes das tropas de al-Assad, para impedir ataques dos rebeldes. Denúncia parte de um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) e de relatos de enviados especiais.

O documento da ONU aponta “graves violações” por parte do regime de al-Assad, que colocam em risco a vida de crianças inocentes, na luta entre os rebeldes e o exército sírio, pelo controlo de Damasco e Aleppo, as maiores cidades da Síria.

Há relatos de crianças que são colocadas em tanques depois de torturadas, por parte do exército, para que o exército se defenda dos ataques dos rebeldes sírios, numa luta sem fim à vista e que se agrava, apesar de todas as tentativas de paz pela via diplomática.

A ONU teme pela vida destas crianças, neste relatório onde denuncia as torturas e o uso das mesmas como escudos. E nesse sentido a Síria já faz parte da lista de países (52, no total) que abusam de crianças (em confrontos militares, como é o caso, mas também por tortura, crimes sexuais ou recrutamento para exércitos).

Segundo aquele relatório das Nações Unidas, a Síria está a violar direitos das crianças desde março de 2011, altura em que começaram as manifestações contra o regime sírio. Trata-se de crianças com idades que rondam os 9 anos e que são mortas, torturadas, ou abusadas sexualmente.

Radhika Coomaraswamy, enviada especial da ONU, relata à BBC um cenário “terrível” na Síria, com o exército imparável na sua luta, indiferente ao sofrimento de crianças indefesas, massacradas em nome de uma batalha cruel. São alvos a abater e seres humanos desrespeitados.

“Vimos crianças torturadas, com marcas da tortura nos seus rostos. Ouvimos também diversos relatos de outras que já estão habituadas a serem postas em cima dos tanques, para serem usadas como escudos humanos, na tentativa de impedir disparos contra os tanques do exército sírio”, relatou.

O exército usa estas vítimas para se proteger dos ataques dos rebeldes, que tentam a deposição de Bashar al-Assad, através de uma luta armada que mata milhares de civis. Com crianças em cima dos tanques, o exército sírio tenta deixar os rebeldes sem alternativa.

Coomaraswamy diz-se “profundamente chocada”. A ONU pôde comprovar a “morte e estropiamento de crianças no fogo-cruzado”, neste conflito interminável. “Estas torturas de crianças detidas, algumas das quais com apenas 10 anos, é algo que não vemos em conflito nenhum”, disse ainda a enviada da ONU.

“Estamos realmente chocados… Vermos crianças mortas e mutiladas entre o fogo cruzado é, infelizmente, comum em diversos conflitos militares. Mas torturar crianças presas, algumas com menos de 10 anos, é pouco vulgar”, salientou Radhika Coomaraswamy.

O confronto militar está incontrolável, sendo que o regime sírio não consegue controlar os ataques dos rebeldes e usa os civis como modo de defesa. Não obstante os meios militares de que dispõe, al-Assad revela incapacidade neste conflito. Damasco e Aleppo são os palcos das maiores batalhas entre rebeldes e exército da Síria.

Outros problemas se levantam no país, em resultado das sanções internacionais, impostas pelo desrespeito dos direitos humanos: começam a faltar bens essenciais à população e os que restam são cada vez mais caros. A pobreza acentua-se.

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