Jorge Coelho, ex-ministro no Governo de José Sócrates, disse que “a troika manda em Portugal”, mas sustentou que a ajuda externa de FMI, BCE e Comissão Europeia “era a única solução que restava”. 

Em véspera da chegada da troika a Lisboa para mais uma avaliação do Programa de Assistência Económica e Financeira de Portugal, Jorge Coelho afirma que “a troika é que manda em Portugal”. O atual presidente executivo da Mota-Engil considera, no entanto, que “este era o caminho que restava”.

“É uma evidência que é a troika que manda em Portugal… E essa é uma das realidades que me perturbam. Outra realidade perturbadora reside no facto de o demonstrar todos os dias”, afirmou Jorge Coelho, durante a ‘Hora H’, uma ação levada a cabo pelo Jornal de Negócios, que contou com a presença do ex-governante socialista.

No entanto, Jorge Coelho fez questão de sublinhar que esta sua declaração não representa qualquer crítica ao Governo de Passos Coelho, até porque foi o executivo de José Sócrates que estava em funções quando o programa de resgate foi negociado com a troika.

O próprio Jorge Coelho é o primeiro a reconhecer que o apoio externo Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia era a “única alternativa”, ou “a solução possível”, dado o cenário político e económico em que Portugal se encontrava, com o chumbo do PEC 4 e a rutura entre oposição e um Governo minoritário, factos agravados com as dificuldades de financiamento do país.

Apesar de considerar que este programa de apoio determina ordens de entidades externas, no que se afigura como um atropelo à soberania, Coelho sustenta que a entrada da troika “talvez se tenha dado tarde de mais”.

Nesta terça-feira, representantes do FMI, BCE e Comissão Europeia regressam a Portugal para mais uma avaliação.