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Europa está “cansada de resgates”, diz chefe do Governo da Finlândia

jyrki katainenJyrki Katainen, primeiro-ministro da Finlândia, defendeu que será “muito difícil” a Europa aprovar um segundo programa de resgate a Portugal. Em entrevista à agência Lusa, Katainen afirmou que há um “cansaço” quanto a programas de assistência financeira. O líder do Governo da Finlândia acha que os países europeus devem preocupar-se mais com a competitividade e menos com o dinheiro.

O chefe do Governo da Finlândia concedeu uma entrevista à agência Lusa, onde abordou um cenário de novos resgates na Europa, numa altura em que essa hipótese é colocada em cima da mesa, no caso de Portugal.

Jyrki Katainen, antigo ministro das Finanças no anterior executivo finlandês, afasta essa hipótese e diz que a União Europeia começa a estar “cansada” de resgates, que não estão a ser bem sucedidos. No caso de Portugal, verifica-se que as metas do défice que o Governo e a troika definiram, no programa original, são repetidamente desrespeitadas. No entanto, há elogios da Finlândia.

“Portugal já aprovou entre 70 a 80 por cento das medidas de austeridade e estamos a ver as exportações a crescer de forma significativa. Estou impressionado com isto. O saldo externo tem vindo a melhorar e já vemos luz ao fundo do túnel nesta altura, que é a mais difícil”, disse Katainen.

No entanto, acrescenta, “será muito difícil [aprovar novos programas de resgate] por razões óbvias”. O primeiro-ministro da Finlândia considera que “já existe fadiga ou cansaço quanto a resgates”.

“As pessoas perguntam-se se isto alguma vez terá fim. Penso que é a mesma coisa aqui em Portugal e na Finlândia, embora por razões diferentes”, salientou o primeiro-ministro da Finlândia, nesta entrevista que concedeu à agência de notícias Lusa.

Jyrki Katainen – que está em Lisboa para uma visita de dois dias, onde terá encontros com o Presidente da República, Cavaco Silva, e com o seu homólogo português, Passos Coelho, bem como com alguns empresários finlandeses – alerta para a falta de competitividade dos países europeus, que exige uma reforma da sociedade.

Caberá ao setor privado, segundo o primeiro-ministro da Finlândia, substituir os Estados nessa missão de fazer crescer a economia dos países da Europa. “O setor privado é a solução. O Governo ou o Estado não podem criar crescimento mas o sector privado pode e nós temos de reformar as nossas sociedades para que o setor privado possa criar crescimento”, defende Jyrki Katainen.

O primeiro-ministro finlandês alerta ainda para um problema de falta de competitividade, que não se restringe apenas a Portugal, mas estende-se a toda a Europa. “O principal desafio ou o remédio é competitividade. Em muitos países a principal debilidade é a falta de competitividade”, salienta Katainen.

E esta linha de pensamento encaixa na ideia de que os programas de resgate não são solução para os países em dificuldade. Jyrki Katainen considera que “o dinheiro, apenas, não resolve os problemas”. Se é verdade que qualquer país “precisa de dinheiro para manter as instituições a funcionar”, a verdade é que as receitas e “só chegarão por via da competitividade”.

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