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Estudo indica que desigualdade em África aumentou apesar do crescimento de 2000 a 2017

África cresceu mais do que América Latina e Caribe entre 2000 e 2017 segundo um estudo da União Africana (UA) e da OCDE, que, no entanto, salienta que esse crescimento económico não proporcionou emprego suficiente, tendo aumentado a desigualdade.

Além de considerar que “os empregos de qualidade permanecem escassos”, o relatório “Dinâmicas do Desenvolvimento em África – Crescimento, Emprego e Desigualdade 2018” aponta que o continente africano “experimentou fortes taxas de crescimento económico” no período analisado, com a média de 4,7 por cento ao ano.

O relatório, o primeiro do género, elaborado pela UA e Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), apresenta a América Latina e o Caribe com 2,8 por cento de crescimento económico, enquanto o registo de desenvolvimento da Ásia (sem a China) superou pouco mais de 7 por cento.

No continente africano, as razões do crescimento fundaram-se na “subida dos preços das matérias primas, a melhoria da gestão macroeconómica e as estratégias para diversificar as economias”.

Realça ainda o estudo que “muitos países investiram fortemente em infraestrutura pública” e que alguns “diversificaram também as suas parcerias comerciais, em particular com a China, a Índia e outros parceiros emergentes.

Apesar do crescimento, o estudo salienta a necessidade de os pouco mais de 50 países africanos “precisarem de fortalecer os impulsionadores de crescimento a longo prazo”, uma vez que o desenvolvimento económico “tem sido altamente volátil”, a despeito “do forte processo de acumulação de capital e da aquisição de novos parceiros comerciais”.

Por isso, apenas se prevê que “três nações africanas possam cumprir a meta de crescimento da Agenda 2063 [da UA] de 7 por cento ao ano, no período de 2016/2020”.

A UA e a OCDE consideram que “os mercados globais e regionais oferecem novos caminhos para melhor crescimento” e preconizam que “a diversificação das exportações pode ajudar a África a melhor se integrar na economia global”.

Para isso, “os governos africanos podem fazer mais” para que as pequenas e médias empresas e os empreendedores possam “alcançar a produtividade global, especialmente através da construção de ligações industriais e do desenvolvimento de capacidade”.

Com “mais recursos financeiros mobilizados para os países em desenvolvimento”, os governos em África “podem melhorar as políticas fiscais, a recolha de receitas e aumentar a eficácia das políticas públicas”.

O estudo, que refere não ter o crescimento correspondido ao aumento de bem-estar no continente, salienta que “alguns governos podem não ser capazes de manter os atuais níveis de investimento público”.

No período de 2000 a 2017, a pobreza, avaliada no critério base de 1,9 dólares/dia (1,6 euros) por pessoa, reduziu em 42 países africanos, entre os quais São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Angola e Moçambique.

Apesar da descida de 15,9 por cento em 2017, comparativamente com 2016, Moçambique apresenta ainda índice alto (68,7 por cento) entre os países do sul de África, como Maláui (70,9 por cento), Zâmbia (64,4 por cento) e Lesoto (59,7 por cento).

O relatório “Dinâmicas do Desenvolvimento em África – Crescimento, Emprego e Desigualdade 2018”, elaborado pela primeira vez em resultado de parceria entre a UA e a OCDE, analisa as relações entre crescimento, emprego e desigualdades no continente e as implicações nos quadros estratégicos.

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