Ciência

Cesarianas estão a afetar a evolução humana

Um estudo realizado por investigadores austríacos revela que com o recurso às cesarianas, desde 1950, os bebés nascem maiores. O uso regular desta prática está a ter impacto na evolução humana.

Philip Mitteroecker, investigador do departamento de biologia teórica na Universidade de Viena, afirma que “um lado da força seletiva, a tendência para bebés menores, desapareceu devido à cesariana”.

Os casos em que o bebé não nasce pelo canal de nascimento natural aumentaram de 30 em cada 1000 registados em 1960 para a média de 36 por 1000 nascimentos atualmente, após uma estimativa feita pelos mesmos investigadores.

“O uso regular de cesarianas acentuou-se nas décadas de 1950 e 1960 em países industrializados e disseminou-se pelo mundo”, segundo os cientistas austríacos. A cesariana é uma boa prática para a evolução humana, uma vez que é vantajoso um bebé nascer grande e a mulher manter o canal pélvico estreito. Porém, “é intrigante pensar por que o canal pélvico não evoluiu para ser mais amplo e reduzir as taxas de obstrução de trabalho de parto”.

Diogo Ayres de Campos, obstreta e professor na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, alerta que este estudo vem na sequência de observações já realizadas e que precisam de mais tempo para serem comprovadas. “É uma teoria que já tem algum tempo. Várias pessoas o defenderam no passado, mas a prova absoluta demorará centenas de anos”, comenta o obstreta.

Os investigadores austríacos indicam que “a incidência de trabalho de parto obstruído em seres humanos é surpreendentemente alta, cerca de três a seis por cento em todo o mundo”. Muitas vezes, a desproporção está relacionada com o tamanho da cabeça e dos ombros do recém-nascido e as dimensões pélvicas da mãe.

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