Velocidade

Entrevista: Tiago Monteiro quer ser campeão do Mundo com a Honda

tiago monteiro entrevista 1Em pleno período de defeso, Tiago Monteiro falou ao PT Jornal da sua temporada no Campeonato do Mundo de Carros de Turismo, projetou aquilo que poderá ser a nova época, admitindo mesmo que ambiciona ser campeão com a Honda.

Sobre a temporada passada, o piloto português divide-a em duas fases, aquela em que tripulou ainda o Seat Leon, e a parte final, em que já dispôs do Civic de fábrica, Daí que considere ter sido “um ano muito intenso”.

“Na primeira fase da época ao volante do SEAT fiz tudo o que estava ao meu alcance com o material de que dispunha e confesso que os resultados conseguidos foram fruto de um enorme esforço meu e da equipa pois sabíamos que o nosso carro era menos competitivo que o dos nossos adversários”, começa por dizer.

“Depois com a Honda foi um virar de página muito importante. Estar num projeto e no desenvolvimento de um carro de raiz é muito aliciante, sobretudo quando vemos o nosso esforço e trabalho recompensado com resultados, tal como aconteceu nas três provas que disputámos. Têm sido meses de muito trabalho mas muito gratificantes. Queremos começar a época ao melhor nível”, considera.

Do tempo passado nos SEAT da SUNRED não deixam qualquer ‘amargo de boca’ a Tiago Monteiro: “Foram épocas de esforço e muito trabalho mas que valeram por todas as conquistas e pela experiência. Claro que gostava de ter tido a oportunidade de discutir as vitórias, mas sabia as condições e acho que fiz um bom trabalho e aprendi bastante”.
A adaptação a uma nova equipa “está a correr tudo lindamente. Quer a JAS quer a Honda são estruturas muito profissionais, altamente organizadas e planeadas. Nada fica ao acaso e acima de tudo é uma equipa muito motivada e focada no trabalho”.
Ter novamente o italiano Gabriele Tarquini como companheiro de equipa é também um aspeto positivo desta nova ligação à Honda: “O Gabriele é um ótimo piloto que conheço muito bem. Para além de companheiros de equipa, somos amigos e isso é muito bom para ambos”.

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Civic tem potencial mas tem de ser mais desenvolvido

Sendo o Leon e o Civic carros bastante diferentes, quisemos que Tiago os comparasse. “É efetivamente um carro muito diferente e em vários aspectos. No início tive que perder algum tempo na adaptação. Mas agora já estou familiarizado”, refere.

O piloto portuense explica essas diferenças e aquilo que o Honda pode melhorar: “O carro está ainda em desenvolvimento e ainda há muito para fazer e trabalhar. Já tem áreas bastantes boas como a travagem e entrada em curva, e partes mais difíceis como talvez a curvas de longo apoio”.

Para Tiago os resultados conseguidos nas seis corridas disputadas com o Civic “superaram as expectativas. Apesar de todo o trabalho da equipa, colocámos o carro em pista em apenas seis meses e é normal os problemas de juventude. As três provas que realizámos tinham como objetivo testar o carro em situação de corrida e não tanto procurar bons resultados. Mas à medida que as coisas foram evoluindo percebemos que podíamos ter bons resultados e, claro, lutámos por isso e conseguimos. Foi muito importante para mim mas também para a Honda”.
Obviamente que uma equipa oficial compete sempre para ganhar, e a Honda não é exceção. O piloto português acredita que o primeiro triunfo chegará muito brevemente.
“Depois do que fizemos nas três corridas da época passada, acredito que não tardará a conseguirmos a primeira vitória. Por mim podia ser já na corrida de abertura, mas temos que ser realistas e sabemos que a concorrência sobre tudo dos Chevrolet vai ser ainda muito forte”, afirma.

A falta de uma equipa oficial por detrás dos Cruze que vão ficar no WTCC não os vai tornar mais débeis, pelo menos no entender de Tiago Monteiro: “Apesar de não existir envolvimento oficial por parte da Chevrolet, temos de ter consciência que os Chevrolet não vão perder a sua performance. Vão continuar a estar muito fortes e continuarão a ser grandes opositores”.
O piloto do Porto justifica a sua argumentação: “É exatamente como o que se passou com a SEAT em 2010. A equipa será a mesma, os pilotos provavelmente também, e por isso a performance também. Só faltará mesmo orçamento para evoluir muito mais durante o ano. Mas os primeiros meses vão ser duros”.

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Objetivo de ser campeão ou ficar entre os cinco primeiros

Os regulamentos que a Federação Internacional do Automóvel pretende introduzir no WTCC a partir do próximo ano vão implicar uma maior liberalização, mas Tiago Monteiro está confiante.

“Vamos esperar para ver quais as decisões que serão tomadas. Mas o carro de 2013 está a ser preparado desde o ano passado, não vai sofrer nenhuma alteração ao projeto inicial. As diferenças serão mesmo só no carro que será preparado para 2014”, explica.

Já a ideia de introduzir um sistema ‘push to pass’ para incrementar as ultrapassagens à imagem do que sucedeu no campeonato norte-americano IndyCar o piloto português acha-o desnecessário: “Poderia ser interessante mas gosto do formato atual. Não sou grande fã do push to pass…”.

Em termos de ambições para 2013, Tiago não se mostra rogado: “Não escondo que gostava de ser Campeão, mas neste primeiro ano com a Honda um resultado entre os cinco melhores já seria fantástico.

Apesar de dar prioridade ao Campeonato do Mundo de Carros de Turismo, o piloto portuense não enjeita a oportunidade de participar pontualmente noutras competições, como já sucedeu no passado.

“Estou focado no WTCC mas não ponho de parte, como não coloquei em anos anteriores, de fazer outro tipo de provas. Isto desde que haja convites, consenso e disponibilidade calendário”, esclarece.

O facto de repartir o seu tempo com a equipa Ocean Racing Technology na GP2 e GP3 Series – em parceria com José Guedes – poderia ser um entrave para se concentrar no programa com a Honda no WTCC. Mas para Tiago Monteiro isso vai continuar a não ser um problema: “Vou fazer como tenho feito até aqui. Uma boa gestão de tempo e uma penalização enorme para a família”.

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