Desemprego dos jovens portugueses e agravamento do quadro social em Portugal podem funcionar como rastilho para motins idênticos aos que se verificam em Londres e noutras cidades inglesas. “Estão reunidas todas as condições para vivermos um cenário igual”, considera o investigador José Vegar, em declarações à Lusa.

As políticas de austeridade, a dificuldade do mercado de trabalho abrir portas aos jovens e a incapacidade do Estado em socorrer situações de risco podem provocar cenários idênticos aos de Londres. “O estado social já não tem capacidade para cobrir todas as funções que antes cobria”, destaca o professor universitário.

Desse modo, Portugal (tal como outros países europeus) pode viver confrontos semelhantes aos que se verificam na capital e noutras cidades inglesas: “Criaram-se todas as condições para que as contestações se propagem”.

“Os jovens entre os 16 e os 25 anos de idade dominam a pirâmide demográfica. Nesse sentido, a propensão para se verificarem confrontos é muito grande”, sublinhou José Vegar, que é também investigador na área da segurança.

Há outros casos históricos, de movimentos de jovens que terminam em confrontos. Um deles encontra-se nos países islâmicos, onde “uma população composta na sua maioria por este grupo etário, sem objetivos escolares e vítima de desemprego”, vive dramas idênticos.

Em Portugal, as periferias dos grandes centros urbanos, como Lisboa, Porto e Setúbal, podem ter maiores probabilidades. Vivemos um cenário de exigências de emprego e proteção social, “algo que o Estado já não consegue garantir”.